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Que sentido faz essa pergunta se eu não estou procurando ninguém?
Eu gostaria de uma mulher como a Natalie Portman em Closer, mas só se ela não fosse stripper.
Ou a Natalie Portman em Cisne Negro.
Ou a Natalie Portman em O Profissional, que é a origem da adultização. Mas quando vi esse filme eu também era criança — e me apaixonei por ela. O que eu posso fazer?
E que atriz é Natalie Portman!
Há aquela cena em Closer em que Jude Law diz que vai terminar com ela, e ela, em resposta, dá um beijão de língua escancarado — nada de beijo técnico — enquanto afirma que ainda o amava, para não deixá-lo ir.
Foi tão verdadeiro que até pareceu que Jude, ator mediano (pra não dizer fraco), ficou pego de surpresa.
Se eu fosse diretor de cinema, todos os beijos e cenas de sexo teriam que ser de verdade.
Não por voyeurismo barato, mas pelo bem da sétima arte, da mise-en-scène, da autenticidade.
Eu seria uma mistura de Godard, Truffaut, Fassbinder, Lars Von Trier, Pasolini, Woody Allen e Gaspar Noé.
Arte com transgressão.
Cinema com verdade.
Desejo filmado sem filtro.
Talvez eu tenha uma falha de caráter: as coisas têm que ser no meu tempo.
Eu nunca paro o que estou fazendo para responder alguém, sejam amigos ou familiares — a não ser que seja do meu interesse.
No entanto, ando dizendo que não amo mais ninguém. Mas será que é verdade?
Se eu recebesse uma mensagem daquela pessoa, eu não pararia tudo o que estivesse fazendo para responder no mesmo momento?
A última mensagem que recebi dela foi dizendo que não queria mais contato, senão iria chamar advogadas e polícia.
Essa propensão dela de chegar nesse extremo só comprova que fomos feitos um para o outro.
Ela consegue ser ainda mais louca do que eu.
Porque, num mundo banal como esse, cheio de homens desinteressantes, alguém que conhece minha página, meus escritos, minhas ideias etc. — e ainda assim me rejeita dessa forma — só pode ser maluca mesmo.
Com todo respeito.
A prova disso é o abismo entre quando ela lê um texto meu e quando fala com o primeiro sujeito qualquer depois.
E não é soberba: é constatação óbvia.
E o detalhe mais absurdo é que eu nem sei a voz dela.
O que mais me frusta em não conhecer a voz dela é que não consigo imaginá-la gemendo, dizendo coisas como:
“Me come, meu amor.”
“Eu te amo.”
“Me fode gostoso, vai, amor…
Ou simplesmente:
“Bom dia, coração, ontem tive uma noite maravilhosa. Te amo”
Nunca vou saber qual é o gosto dela, como é sua risada espontânea.
Não, a Natalie Portman teria que esperar eu terminar o que estivesse fazendo.
Ela, não.
Com a esperança de eu descobrir essas coisas.