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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

VIVENDO SEM AMAR NINGUÉM


DAVELEDAVE.RECANTODASLETRAS.COM.BR


 

A NIPÔNICA E O ESTÁDIO

Uma bela nipônica sentou-se ao meu lado no jogo Palmeiras e Corinthians. Assistia sozinha, assim como eu. Ficou tão próxima, Closer - Perto de Mais, que chegamos a nos tocar — como em filme de Nichols.

 

Ela tirava selfies e, consequentemente, tirou também uma foto minha. Ficou apenas a recordação: sua tatuagem no braço, escrita em inglês, dizia “dead inside”.

 


 

DEAD INSIDE

Essa expressão é usada por quem sofre de depressão. É existir sem viver, estar vivo mas sentir-se morto por dentro.

 

Pelo que li — porque depressão, de fato, nunca senti.

 

Camus disse que a maior questão filosófica é o suicídio. Embora os números de suicídio entre mulheres sejam menores, são elas que mais tentam. Usam métodos menos eficazes.

 

Têm medo de dar um tiro no rosto e estragar o velório. Eclesiastes estava certo: tudo é vaidade. A vaidade vence até a dor de viver.

 


 

SEM AMOR, NADA SEREI

Todo esse preâmbulo serve para repetir, citando a Bíblia, apostolo Paulo: sem amor, nada serei. Preciso desse sentimento para existir, como discípulo que sou de Ovídio.

 

Sem ele, sinto-me “dead inside”.

 

Um dia, como uma febre que quase mata mas deixa o corpo mais forte, o amor que eu nutria desapareceu. Sumiram os sintomas e, com eles, a doença chamada amor.

 

Ainda assim, por ter convivido tanto tempo com esse sentimento, sinto falta dele.

 

Talvez, para preservar boas memórias — que só existiam na minha imaginação — eu chame isso de ternura, respeito, carinho. Mas fato é: já não tira meu sono, já não gasto energia pensando nela.

 

Se a visse casar, me seria indiferente. Comprovaria apenas que as virtudes que imaginei nela só existiam em mim, e que foram os defeitos — reais — que fizeram o amor passar.

 


 

CASAR SEM AMAR

O mais absurdo é que, mesmo sem amá-la, por saber que ela foi a única a ler TODOS os meus textos no Recanto — quase dois mil —, penso que, se quisesse, eu casaria com ela.

 

Casaria mesmo sem amor. Seria fiel. Seria feliz.

 

Porque continua linda e inteligente, e essas são as qualidades que mais me atraem em uma mulher. E porque, se ela leu tudo que escrevi, então conhece o melhor de mim.

 

Alguém que absorveu minhas palavras só pode ser especial.

 

Mas sei que isso jamais acontecerá. Pensar nessa hipótese é fútil. Então tento suprir a lacuna do amor em outras coisas: na beleza, na arte, na cultura, na estética.

 


 

A BANALIDADE

Entristece-me ver garotas belas aceitarem parceiros banais, intelectualmente e esteticamente inferiores. Incapazes de dizer algo que fuja do trivial.

 

Na banalidade de seus companheiros, essas mulheres acabam absorvendo e se tornando também banais.

 


 

A GRAMÁTICA DO DESEJO

Não quero uma mulher que diga: “fizemos amor nas dunas”.

 

Quero uma mulher que diga: “transamos a noite inteira na areia, gozamos tanto que nossos fluidos molharam a praia, e de nossos líquidos nasceu uma nova Afrodite, como a primeira, nascida da espuma e do esperma do pau cortado de Urano”.

 

Não quero que digam: “ele teve uma ereção quando o beijei”.

 

Quero que digam: “quando eu o toco, seu pau fica duro, mas muito duro mesmo, de tanto desejo que ele sente por mim".

 

Porque desejo e sexo têm gramática própria. A língua do prazer transforma santas em putas sem manchar sua reputação.

 


 

QUANDO AS MULHERES ENTENDEREM

Quando as mulheres entenderem isso, poderão gozar apenas de pensar no homem que desejam.

 

E ah, como eu gostaria de ser esse homem.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 30/08/2025
Alterado em 30/08/2025
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