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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

A VIDA pode ser TRISTE, mas é sempre BELA.


DAVELEDAVE.RECANTODASLETRAS.COM.BR


 

Ferdinando, em Pierrot le Fou, de Godard, diz essa frase que dá nome ao título.

 

 

Esse é o meu filme predileto do diretor e um dos meus favoritos de todos os tempos. É um daqueles que revejo sempre quando estou triste — assim como 2001: Uma Odisseia no Espaço — os filmes que mais vezes vi na vida.

 

E apesar de já ter praticamente decorado os diálogos, sempre é mágico, sempre tem a capacidade de revitalizar meu humor.

 

 


 

A BELEZA QUE SUPERA A TRISTEZA

Quero escrever sobre a frase que dá o título a este texto, mas não pela ótica da tristeza, e sim pela de sua superação: a beleza.

 

É por isso que falarei justamente de cinema.

 

As pessoas tentam nos tirar direitos — como ocorreu comigo nesta semana, de modo arbitrário e sem motivo. Mas há algo que nunca conseguirão roubar de mim: minha cultura, meu pensamento, minha criatividade, meu conteúdo, minhas paixões.

 

Tudo isso é justamente o que transforma a vida de triste em bela.

 


 

A VERDADEIRA RIQUEZA

Este texto é a prova de que quem me rouba, na verdade, se empobrece.

Pois eu sou rico mesmo sem possuir nada — rico em vida, em espiritualidade, em erudição.

 


 

O LIRISMO DE PIERROT LE FOU

Pierrot le Fou é um filme profundamente lírico: uma montagem fragmentada, diálogos inteligentes com citações inteiras de livros, frases, poesias. Há até momentos em que ele se transforma em musical.

 

É um retalho de poesia cinematográfica.

Mas, sobretudo, é um road movie.

 


 

A ESTRADA COMO CINEMA

O termo road movie ficou consagrado em Thelma & Louise, de Ridley Scott, designando filmes em que personagens viajam, vivendo aprendizados ou erros ao longo do percurso.

 

Um dos pioneiros foi Easy Rider, produzido por Peter Fonda e dirigido por Dennis Hopper — o astro mirim que depois se tornaria o mais insano do cinema. A história gira em torno daquilo que Hopper mais amava: cocaína e dois motoqueiros. Ele próprio interpreta um deles, e o outro é ninguém menos que Jack Nicholson, transportando drogas pelos Estados Unidos.

 

Em declínio, Hopper ainda faria o vilão de Veludo Azul, de David Lynch, numa das atuações mais insanas da história do cinema, visivelmente entorpecido.

 

Outro clássico do gênero foi Bonnie & Clyde, considerado o segundo filme da Nova Hollywood, dirigido por Arthur Penn. Ainda nesse período áureo surgiu Terra de Ninguém, de Terrence Malick — outro grande clássico.

 


 

GODARD E A POESIA DA ESTRADA

Godard, porém, elevou o gênero antes mesmo de ele existir oficialmente. Eu mesmo sou o primeiro a considerar Pierrot le Fou como road movie, embora até seu filme de estreia, Acossado, já traga esse elemento.

 

Dizem que Godard tinha a capacidade de “escrever com a câmera”. Mas o que mais me impressiona é a sua habilidade de escrever poesia no roteiro. Visto pela ótica da literatura, do lirismo, Pierrot le Fou revela diálogos belíssimos.

 

Como quando, no carro, Ferdinand diz que ama Marianne.

Ou na simples cena de abertura, que mostra uma partida de tênis, revelando a contradição e a contraposição que geram poesia cinematográfica — a arte que Godard dominava como poucos.

 


 

A BELEZA DA VIDA

Eu amo esse filme.

É ele que me faz afirmar, concordando com Ferdinand, que a vida pode ser triste… mas é sempre bela.

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 29/08/2025
Alterado em 29/08/2025
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