Como diz Pondé, sexo não é coisa de gente demasiadamente limpinha e asseada. Não se trata de se submeter ao desejo pela ótica do homem, mas de entender que o desejo não é uma luta de classes.
Esse tipo de asseadinho e asséptico é justamente quem contribui para extinguir qualquer vitalidade da instituição do prazer — ainda mais quando, ao invés de rir do meu tom jocoso, prefere levar tudo a ferro e fogo.
Ignorando nossa amizade, disse que iria me bloquear. Então tomei a iniciativa e a bloqueei primeiro. Não por despeito, mas porque quem ameaça bloquear um amigo não merece um amigo. Em relacionamento não se ameaça.
Eu realmente precisava de ajuda, mas a boa vontade kantiana dela era tão grande que, antes mesmo de me escutar, já disse que não poderia ajudar. Ora, nesse ritmo poderia até pedir música no Fantástico, pois já é a terceira vez.
Fico triste com essa situação porque gostava muito dela. Cheguei a elogiar sua beleza — algo que, muitas vezes, nem o próprio “companheiro” (como ela gosta de chamar seus namorados) nota ou valoriza.
Espero que seja feliz com o namorado que estuda a mesma coisa que ela. Eis o casamento arranjado do século XXI: a união conveniente que mantém o status quo, cujo fim Tolstói já havia previsto em A Morte de Ivan Ilitch.
Minha amiga, de nome de flor, era brilhante. Mas a verdadeira por trás dela revela-se apenas mais uma das milhares que as faculdades vomitam todos os anos, destinadas a carreiras banais que a sociedade jamais consagrará.
Vive-se apenas uma vez, mas alguns escolhem a previsibilidade banal da vida dos últimos homens: úteis, confortáveis, moldáveis, sem jamais almejar grandes coisas.