Final Fantasy IX não é apenas o meu predileto da franquia, como também o meu RPG favorito de todos os tempos — e um dos meus jogos favoritos em geral.
A melhor definição para ele é que é um jogo bonito. Não apenas bonito esteticamente, com gráficos marcantes, mas com uma história bela e um enredo igualmente belo, que gira em torno da família e de como ela é importante na nossa vida.
E aqui, “família” não no sentido estrito de parentesco, mas da família que escolhemos viver por questão de afinidade — laços que, às vezes, superam até os conjugais e os genéticos.
Nossa família de sangue é fundamental no nosso desenvolvimento e no ambiente em que crescemos. Contudo, ela sozinha não define quem somos.
Às vezes, o amor de um familiar nada mais é do que a manifestação de sua vontade de potência oculta, que busca se firmar através daqueles que lhe são mais próximos.
Nossa família angular molda o ambiente corriqueiro que mais interfere em nossas ações.
Se você faz parte de um ambiente sedentário e obesogênico, será muito difícil mudá-lo. Você precisará ter força suficiente não apenas para modificar a si mesmo, mas para ser a mudança no ambiente à sua volta.
No percurso, é comum que você escute chacotas para tentar “te motivar” — como dizer que você seria vaidoso, ou que fazer dieta e pesar os alimentos é ridículo — enquanto eles se empanturram de alimentos gordurosos e hiperpalatáveis por não terem, em si mesmos, a força necessária para mudar.
Porque é ridículo pensar que, se a pessoa pudesse escolher livremente, ela escolheria o sedentarismo e a obesidade voluntária. Parafraseando Étienne de La Boétie, que falava sobre a servidão, trata-se de uma aceitação passiva da própria decadência.
Esses ataques à sua volta são, na verdade, a própria relação de força e poder de que falava Foucault: visam te diminuir para um estado menos potente, de modo que a potência deles predomine.
Poder ver você em franca entropia é melhor e mais fácil para que exerçam influência sobre você.
Antes, portanto, de falar em amor filantrópico inato, é preciso revelar os mecanismos intrinsecamente egoístas do ser humano e de sua vontade de potência.
A família que escolhemos para nós é o ambiente que permitirá que a absorção de suas influências nos torne quem somos — e que promova, consequentemente, o aumento da nossa potência.