DAVELEDAVE.RECANTODASLETRAS.COM.BR
Na obra de Mary Shelley, Victor Frankenstein remete ao equivalente do pecado dos gregos: a hybris — o descomedimento — ao trazer à luz um monstro feito de partes de mortos, movido pela obsessão de se transformar em Deus.
Isso mostra que nada, em si, é bom por essência — nem mesmo a ciência — se for usada para o mal.
O grande aspecto psicológico da obra de Shelley é que, ao final, ao dar o ponto de vista da criatura, deixamos de sentir ojeriza pela figura grotesca, e passamos a sentir empatia.
O filósofo Slavoj Žižek refletiria, então, que a obra revela a lógica do que é o inhumano: simplesmente aquele cuja história não se conhece. Shelley, ao nos apresentar o ponto de vista do monstro, nos oferece essa perspectiva — e nos tornamos não só empáticos, como chegamos a querer bem à criatura monstruosa narrada por ela.
E meus escritos são justamente isso: a possibilidade que ofereço aos leitores de me conhecerem melhor.
Não para me seguirem. Mas para me entenderem.
Eu, que muitas vezes nem eu mesmo me entendo.
Escrever é um ponto central no meu exercício de autoconhecimento. E foi justamente quando titubeei em escrever — não sei se por coincidência — que as coisas saíram um pouco da pista, temporariamente.
Mas como se eu dirigisse uma Ferrari automática em alta velocidade e tudo voltasse rápido ao prumo…
Retomei o curso da busca pelo meu objetivo — a 300 km/h.
Só que, sinceramente?
Prefiro ir a pé.
É onde me sinto melhor.
A decisão de focar minha energia e meus recursos, abrindo mão dos supérfluos, vem de entender o que realmente importa.
Sigo o princípio de Pareto, que afirma que 80% dos resultados vêm de 20% das ações bem feitas.
No meu caso, essas ações são: atividade física, estudo, estética, dieta, treino, sono, descanso, hobbies.
E ao focar nesses 20 ou 30% da minha vida, é que consigo mais de 80% dos benefícios reais.
Vejam, meus queridos…
É por isso que criei uma agenda.
É por isso que irei investir no ChatGPT Premium, que me ajuda a organizar minha rotina, gerar os arquivos .ics do Google Agenda e os .csv do Todoist, que gamificam minhas tarefas e metas.
É por isso que não economizo com o que me fortalece:
streamings como Mubi, Deezer, Paramount+, YouTube Premium…
Hobbies como a assinatura do Palmeiras, cinema, comida, lazer…
E principalmente, o meu reservatório de dopamina — que representa boa parte da minha saúde mental, física e psicológica.
Trazendo tudo isso para o meu repertório pessoal.
Porque a criatividade…
é o fogo que Prometeu roubou dos deuses.
É o que torna o humano divino.
Prometeu foi punido, com o corvo que dilacera eternamente suas entranhas.
Victor Frankenstein foi punido com o monstro — seu próprio coração, que o matou.
E eu, David, sou punido com as consequências de lidar com meus erros e acertos.
Mas eu sei da improbabilidade de transformar os erros em ouro,
e mesmo assim insisto em transformá-los em força.
E assim…
Talvez eu viva como um deus, mesmo sendo um dos mais falhos dos homens.
Mas que homem, hein?
Meninas, mulheres…