COMO VIVER BEM

DAVELEDAVE.RECANTODASLETRAS.COM.BR

DESCONFIE DOS MESTRES

Zaratustra sempre dizia para seus seguidores desconfiarem dele, porque ele poderia ser um mentiroso — afinal, todo indivíduo é vontade de potência. E eu também sou. Ora, desconfiem de mim.

Para viver bem, você deve seguir seus próprios rumos, caminhos e erros.

A VERDADE DO CORPO

No meu autoconhecimento, dizem que a escrita é sempre mentirosa, mas é justamente nela — por refletir meu estado fisiológico — que mais falo a verdade. É a minha verdade, a verdade que vale pra mim.

E nesse processo de autoconhecimento, não procedem de forma alguma as críticas de que sou egocêntrico. Ora, uma pessoa que está sempre aberta a novas experiências, que aprende até com gente que sabe menos do que eu, mas de quem extraio ensinamentos valiosos, jamais pode ser egocêntrica. Sou alguém que está em busca de desenvolvimento pessoal e que reconhece o valor do erro — e da ilusão do livre-arbítrio.

UMA IMAGEM VALE POR UMA DÉCADA

Uma única imagem no dia pode iniciar uma sucessão de acontecimentos inexoráveis, como o dia de Leopold Bloom em Ulysses, de Joyce. Há dias que valem por ensinamentos de década.

Uma imagem que vi na academia me levou a ouvir o módulo de sexualidade do RD. Isso me fez compreender melhor minha sexualidade e jogar imediatamente fora as cápsulas de cafeína de 220mg — uma muleta que me impedia de dormir bem e me afastava do bom e velho café em pó, que sempre apreciei.

O QUE ACHAVA QUE ERA FETICHE

O que sei é que ignoro. O que eu achava que era fetiche, na verdade, era mera fantasia. Isso não me impede de viver minha sexualidade plenamente.

O módulo me levou a entender o mal da coisificação da mulher, a falta de respeito que representa tratá-la como pedaço de carne, como adereço sexual, como objeto. E também me fez perceber como o sexo feminino me inspira. Sua beleza. E como posso respeitá-las.

Comportamentos que levam à objetificação devem ser desfeitos — não apenas em relação às mulheres, mas a toda pluralidade sexual.

ELES TÊM O DIREITO DE SER

Gays, travestis, WHATEVER — não são livres para não serem o que são. Por isso, têm todo o direito de ser o que são. Mesmo que “escolham”, foda-se: têm o direito de exercer a condição humana de serem livres.

Agora, lésbicas... nem vou falar nada. Essas não só têm o meu apoio como até podem me procurar, caso queiram se aventurar com um homem. E eu as comerei gostoso, com todo respeito, claro.

A LÍNGUA E O SEXO

E chegamos ao prazer da língua. Tanto na oralidade da palavra — que excita as mulheres — quanto, claro, no sexo oral.

Alguns homens acham que o órgão sexual feminino é um pedaço de carne. O clitóris é uma área sensível — em todos os sentidos. Tem mais terminações nervosas que muita língua dura desses homens parvos que querem aplicar técnicas pornográficas sem o mínimo de lubrificação, de tato, de escuta.

A vida sexual não é um filme pornô.

E posso dizer: a língua mole, suave, úmida... não vai decepcionar nenhuma mulher. Hehe.

CONHECE-TE A TI MESMO

Essa digressão, que talvez pareça desconexa, é o próprio fio condutor do texto. Como em todos os outros, aqui falei sobre quem sou.

E para viver bem, você tem que se conhecer, entender a importância do erro, seguir seus próprios caminhos — e desconfiar de gurus.

Quem leu meus últimos textos sabe que na terça-feira terei um dia livre, um descanso merecido, uma recompensa.

CAMINHADA NA AVENIDA PAULISTA

Bom... mais ou menos. Porque em todas as terças, faço minha caminhada na Avenida Paulista. Atravesso do princípio ao fim — da Consolação ao Paraíso — e depois retorno.

Passo na Starbucks, percorro todos os cinemas para encontrar a sessão mais próxima, melhor e mais barata. Já prevejo que será no CineSesc, na Augusta.

É por isso que essa caminhada se torna minha peregrinação: física, cinéfila e existencial. Toda terça-feira. Toda busca de mim mesmo.