O subjuntivo do verbo da certeza é sempre traiçoeiro — porque o se aceita tudo.
Mas se ela me dissesse sim…
Nós estaríamos juntos até hoje — mesmo agora,
mesmo eu estando mais lúcido, mais defensivo,
justamente por ter aprendido a me proteger.
E ainda assim, não teria força, nem coragem,
nem sequer vontade de lhe dizer não.
Ao observar os casais durante o jogo,
sempre se comprova minha velha tese:
que o medo de ficarem sozinhas leva muitas mulheres
a aceitarem o mínimo —
um arremedo de parceiro,
uma sombra de homem.
Se não fosse pelo pênis,
nem se poderia afirmar que são homens:
sem físico,
sem presença,
sem gosto,
sem conteúdo.
É sorte que o hábito de andarmos nus não me permita julgar também o que escondem entre as pernas.
Mesmo contra minha vontade, involuntariamente,
quando vejo dois corpos juntos, sorrindo,
ou sinto alguma alegria ao redor,
é a imagem dela que me vem à cabeça.
Então me recordo da ilusão,
da frustração idealizada do meu amor,
e contra-ponho tudo isso à realidade.
A boa notícia?
Esse sentimento já não me paralisa.
Ele me move —
Adiante.