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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

O AMOR do ponto de vista do DOENTE.



DAVELEDAVE.RECANTODASLETRAS.COM.BR

 



FLUXO E FRAQUEZA

Como a metáfora do rio de Heraclito — de que somos sempre outros, e de que a única constante é a mudança — quando eu leio um livro pela segunda vez, meu entendimento é outro. Porque eu já sou outro.

Tudo depende do meu momento atual.

 

Minha força no momento, com o contato dela com o mundo exterior, muda totalmente a minha perspectiva sobre ela.

 


 

A VOZ QUE GRITA NA QUEDA

Ecce Homo, justamente um dos livros mais controversos de Nietzsche, atualmente é o que mais conversa comigo.

 

Nele, encontramos a ideia de que organismos que são predominantemente fortes — mesmo quando estão fracos — provam sua força encontrando em si mesmos a capacidade de se curar.

 

E foi isso que fiz.

 


 

A PROVA ESTÁ NAS IMAGENS

Quem vê os meus escritos do começo de janeiro e os contrasta com os de agora — minhas imagens e produção de antes e depois — percebe nitidamente o contraste de forças e de aparência.

 

Símbolo do meu 11% de gordura corporal — tão tênue atualmente quanto a própria gordura — é a linha de coerência entre o que falo e o que faço.

 

Não há diferença entre meu discurso e minha vida.

 

Diferentemente de antigamente, quando eu falava uma coisa e vivia outra.

 


 

A ÚLTIMA ÁREA DO CÉREBRO

A capacidade de agir coerentemente é, no cérebro, a última área a se desenvolver.

 

E é o que, de fato, nos separa dos animais — que, como diria Rousseau, agem como se tivessem um software programado de fábrica e não conseguem ir além disso.

 

A racionalidade do homem — o córtex pré-frontal — pode ser definida como a capacidade de tomar decisões difíceis quando são o melhor a ser feito, avaliando as consequências do nosso comportamento.

 

Treinar. Comer verduras. Abandonar vícios e prazeres fáceis como álcool, drogas ou alimentos hiperpalatáveis.

 

Isso é difícil. Mas é o certo.

 

E quem dita isso são sujeitos com o córtex pré-frontal bem desenvolvido.

 


 

QUANDO NOS TORNAMOS BESTAS

Justamente quando nos deixamos levar por vícios e prazeres hedonistas, nosso pré-frontal diminui.

 

É por isso que, sob efeito de álcool e entorpecentes, ficamos mais desinibidos e inconsequentes.

 

Símbolo disso é o caso de um sujeito que teve o córtex pré-frontal atravessado por uma barra de ferro. Não morreu — ficou lúcido.

 

Mas passou de um sujeito pacato e educado para um porra-louca hipersexualizado que passava a mão em mulheres na rua.

 

Claro. Ele perdeu a capacidade do pré-frontal.

 


 

UMA CAPACIDADE PLÁSTICA

E essa capacidade é plástica.

 

Ela pode ser treinada.

 

Quanto mais tomamos decisões corretas, difíceis, racionais — mais a fortalecemos.

 

E também pelo nosso repertório comportamental: a leitura…

 

E, principalmente, a escrita.

 

Escrever é colocar o sentimento no papel e refletir.

 

O pré-frontal controla a amígdala cerebral — que é o centro do nosso medo, culpa, vergonha.

 

Você vê: tudo é material.

 

Embora a psicologia fale em superego, ego e id — tudo não passa de sinapses cerebrais.

 


 

UMA QUESTÃO DE FORÇA ANÍMICA

Tudo isso para voltar à tese do título.

 

Se conhecemos uma pessoa enquanto estamos enfraquecidos — sob o ponto de vista da doença e sem o uso pleno do córtex pré-frontal — será que não a avaliamos mal?

 

Será que nossos instintos ruins da época não nos fazem superestimar uma pessoa… ou confundir o que sentimos por ela com amor?

 

Será que um amor surgido nessa época pode ser, de fato, amor?

 

E quando recuperamos nossas forças? Quando nosso pré-frontal volta a resistir e pesar o valor das coisas?

 

Será que conseguimos estimar melhor?

 

Porque — como o rio de Heráclito — somos outros.

 

Outros do ponto de vista da força anímica, da lucidez, da vida.

 


 

O JULGAMENTO DOS FRACOS

O quando vejo os comentários de janeiro de pessoas dizendo que eu só escrevia desgraça, eu me pergunto:

 

Como está a vida de quem disse isso de lá pra cá?

 

Será que evoluiu tanto quanto eu — fisicamente, emocionalmente?

 

Será que aprendeu coisas novas como hipertrofia, neurociência, nutrição, desenvolvimento pessoal?

 

Ou será que ainda vive a mesma vidinha mediana de sempre, enquanto eu não apenas falei que iria mudar…

 

Mas mudei.

 

E estou mudando — de fato.

 


 

E ENTÃO…

Até quando podemos levar em conta um sentimento nascido sob o ponto de vista do doente?

 

Até quando insistiremos em chamar de amor aquilo que, talvez, tenha sido apenas uma alucinação neuroquímica do nosso momento mais fraco?

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 18/07/2025
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