Artaud já dizia: a lógica dos órgãos é conservadora — por isso mesmo Deleuze cunhou a ideia do corpo sem órgãos, para identificar os sujeitos ativos, aqueles que agem além do conservadorismo que os órgãos impõem.
O concurso público é o conservadorismo por excelência. Dizem que muitos concurseiros são verdadeiras enciclopédias ambulantes. Mas não há conhecimento que se sustente sem um fim prático. O deles é decorar apenas o suficiente para passar no concurso.
Como diria Heráclito: eles sabem muito, mas não entendem nada. O verdadeiro conhecimento é aquele que ilumina a vida, como a poesia.
Imagine se eles usassem essa enorme capacidade de aprendizado para a aquisição de cultura, ou ao menos com a mesma dedicação voltada ao empreendedorismo. Ou ainda no mercado corporativo — onde um plano de carreira bem construído remunera muito melhor do que a maioria dos cargos públicos.
Mas a lógica conservadora do concurseiro não consegue conceber um projeto de vida que vá além do pragmatismo estreito de “se escorar na teta do governo" pois não sobreviveriam no mundo corporativo.