Se você acha que ser descolado é encher o nariz de pó, beber cachaça de madrugada e chegar em casa quando seus pais estão indo trabalhar — aqui você será frontalmente rechaçado, ironizado, desmascarado.
E chamado pelo nome certo: idiota.
E não digo isso por moralismo — mas por experiência própria.
Anos atrás, eu acreditava que todo mundo era errado e só eu estava certo. Que só eu era inteligente e descolado, enquanto o resto era um bando de conformados.
Parcialmente era verdade.
Mas enquanto eu quase morria de overdose, eles estavam ganhando a vida.
Sim, uma vida medíocre. Mas muito mais digna que a minha.
Hoje, o novo descolado é quem cuida da saúde — com consciência estética.
Quem se alimenta bem, com produtos orgânicos e saudáveis, leva marmita onde todos levam desculpas, evolui pessoalmente, intelectualmente, fisicamente.
Quem quer formar uma família, ser um bom pai, um bom marido.
Se você busca evolução pessoal, meu conteúdo é pra você. E tem até o meu afago.
Meu ponto de legitimidade é o bom gosto e a capacidade de avaliar o que tem mais alto valor — e também estimar o que deve desaparecer.
Veja o Eslen: é psicólogo, mas sua principal habilidade é a comunicação. O conteúdo dele você não encontra na psicoterapia padrão.
Com 27 anos já era milionário. E com justiça.
Ele dá bronca em gente de 35 anos que ainda mora com os pais — e eu tenho 33, e moro com minha mãe.
Apesar da diferença de sucesso entre ele e eu, o Eslen ainda comete deslizes: fala com “nós”, escreve ele vai com nós, comete atrocidades de concordância típicas de quem lê pouco.
Ele tem mais dinheiro que eu, fala até mais de vida do que certos filósofos como Clóvis e Karnal. Mas a erudição, o português, o conteúdo desses intelectuais não têm comparação.
O Eslen comunica melhor — e sinceramente, traz problemas mais pertinentes à vida do que muito filósofo de jaleco acadêmico.
Mesmo quando fala o óbvio. E o óbvio, muitas vezes, precisa ser dito.
Ele fala o que gostaria de ter escutado mais jovem — e agora oferece aos outros.
A boa notícia: você pode ouvir antes que seja tarde.
A crítica que ele faz aos “balzaquianos” que moram com os pais não me atinge.
Porque é mais fácil eu adquirir o dinheiro do Eslen, mais rápido, do que ele adquirir meu repertório.
Não estou dizendo que ele não é mais capaz do que eu.
Mas acumular conteúdo leva tempo.
São dez anos de leituras intensas, filmografias completas.
Quem você conhece que leu todas as peças de Shakespeare, tudo que Kafka escreveu, as críticas da razão de Kant, praticamente tudo de Nietzsche, os maiores clássicos da filosofia, os principais filmes da história?
Quem entra no Mubi e sabe exatamente o que ver e por quê?
Tudo isso porque atravessei o período da Montanha Mágica.
Minha pulsão de vida venceu a de morte.
Montei minha empresa aos 21. Se não tivesse saído, teria ganhado meu primeiro milhão muito antes do Eslen.
Mas teria sido um desastre, em detrimento da maturidade, da visão de mundo, do conhecimento que adquiri até aqui.
Todos os meus caminhos me trouxeram até aqui.
O que tenho que melhorar, eu mesmo já fiz.
Ninguém explica melhor, de modo mais didático e interessante, do que eu em 2016.
Atendia melhor o público do que eu em 2025.
Hoje, perdi capacidade de explicação e argumentação — mas sei o caminho para reconquistar.
A crítica do Eslen é diferente da de um fracassado como o “Capitão Kirk”.
Esses devem ser ridicularizados.
Provavelmente um gordo suado, que ganha um salário vexatório, sem capacidade de escrever três linhas sem errar o português.
E isso porque ele é anônimo e idealizado. Imagine ao vivo.
Alguém cujo conteúdo se resume a usar nome de série interespacial — sem humor, sem inteligência, sem finesse pra lidar com alguém criativo como eu.
Esses só me motivam a tatuar na cara deles a própria incompetência.
E não digam que sou desumilde.
Eu aprendo com mais jovens como o Eslen. Sei abstrair o que me convém.
Uso a tecnologia a meu favor. Converso mais com o ChatGPT do que com qualquer outro ser humano.
Enquanto os negacionistas nem sequer têm ele instalado.
Há uma diferença abissal entre epistéme (conhecimento) e praxis (ação).
Quem só acumula teoria e nunca age está condenado ao anonimato.
No máximo, será o homem mais culto do cemitério.
Você será como a virtù de Maquiavel — talento, coragem, vontade — que jamais soube aproveitar a fortuna, a oportunidade, o acaso favorável.
Será como a dynamis de Aristóteles — potência pura — que nunca se converteu em energeia, o ato, o movimento real.
Você saberá tudo… e não será nada.
Por isso, a verdadeira evolução não é fruto de inspiração, mas de hábito.
Ética nicomaqueia em ato contínuo: a excelência é uma prática, não um estado.
Quem não age, estagna. Quem não aplica, apodrece.
Quem não transforma o saber em ação morre carregando o peso da própria omissão.
Se você não tem o ChatGPT no seu celular, está maluco.
Isso revela como a sociedade molda comportamentos — e o comportamento médio é a expressão da mediocridade e do medo intelectual.
Mas pra nós, leitor — você, que é como eu — que está a fim de desenvolvimento pessoal:
não há concorrência pra nós.