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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

AULA DE RELACIONAMENTO POR UM SOLTEIRO



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O TÉDIO COMO MATRIZ DO DESEJO

Com a legitimidade solene de quem nunca namorou, afirmo: a necessidade de se relacionar com o outro tem a ver com o tédio — ou, mais precisamente, com a fuga dele.

 

Incrível como o ser humano desaprendeu a lidar com o tédio. Como dizia Schopenhauer, a condição humana oscila entre o tédio e a frustração. Tentamos compensar o tédio com doses sintéticas de dopamina adquiridas por comida, sexo, drogas, amor. É o desespero da estimulação.

 


 

A GRANDE MENTIRA DOS OPOSTOS

Nada mais fora da realidade do que a tese de que os opostos se atraem. No máximo, as pessoas buscam seu oposto compatível — alguém que seja diferente, mas apenas dentro de limites toleráveis.

 

A verdade é que tendemos a nos relacionar com pessoas do nosso ciclo social, ou com aquelas que se parecem conosco. Existem exceções, claro — como o meu caso pessoal — mas são desvios, não a regra.

 


 

OS NÚMEROS DO AFETO

Nas pesquisas científicas, há coeficientes de correlação impressionantes nos relacionamentos. Religião aparece com 0.9, seguida de classe social e, por último, partido político. Dificilmente alguém se envolve com o extremo oposto em termos de compatibilidade.

 

Depois vêm aspectos como idade, aparência, comportamento, inteligência, humor — com uma correlação em torno de 0,4. Aqui, há mais margem para aceitar o diferente. Mas ainda assim, se você fizer um exercício mental em meio a uma multidão, as pessoas que chamarão sua atenção provavelmente serão as mesmas que chamariam a atenção de muitos.

 

Isso nos leva a uma pergunta incômoda: será que a beleza é mesmo subjetiva?

 


 

O BELO É RARO, MAS RECONHECÍVEL

Todos reconhecemos um cavalo belo. Um cachorro bonito. Por que não pessoas ou ideias?

 

Acho sinceramente que, se eu chegasse na Ásia, seria impossível que eu não fosse mais bonito do que um monte de homem com olho puxado e pau pequeno. Mas também há asiáticos belos — como prova o sucesso da cultura K-pop entre meninas que não ligam para o tamanho do pau.

 

A compatibilidade não garante a felicidade. Muito pelo contrário: casais que mais parecem parentes ou irmãos… receio dizer que nem a prole costuma ser boa. O que sustenta esse tipo de relação é um contrato tácito de coexistência.

 


 

A ANTIPATIA COMO FILTRO ESTÉTICO

Eu mesmo jamais me relacionaria com as pessoas que vejo no dia a dia. Elas violam completamente meu gosto estético — no máximo, atendem às pulsões sexuais.

 

Como vocês sabem, sou criterioso com o que deixo se aproximar de mim: ideias, objetos, pessoas. Sempre procuro bons encontros. De que adianta alguém ter um ciclo social imponente, até mesmo bonito fisicamente, se suas ideias não condizem com sua posição e privilégio social?

 

Esse tipo de homem — ou pessoa — está condenado à traição. Porque o valor de alguém se mede pela sua raridade, pela imprevisibilidade de suas ideias e opiniões. Se for pra ver o banal ou escutar o óbvio, qualquer pessoa serve.

 


 

O ANTÍDOTO DO AMOR É A EXCEÇÃO

Não se deixa de amar alguém de uma hora para outra. Mas eu posso prever a nossa (in)compatibilidade e abrir mão antes mesmo do desastre.

 

O amor só se combate com estímulos ainda mais potentes: novas pessoas, novos relacionamentos, o cuidado de si, o amor-próprio, o foco nas suas paixões. Tudo que te lembre o que a outra pessoa deixou passar — e que agora te distancia.

 

E ainda que a pessoa certa nunca apareça em sua vida… o investimento em você mesmo sempre permanecerá.

 

E creia-me: com isso, sempre haverá alguém interessado.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 13/07/2025
Alterado em 13/07/2025
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