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No Recanto, comenta-se muito e escreve-se pouco.
A lógica que impera ali — e em toda sociedade — é a da mediocridade dos medianos: os mornos, os que não se destacam em nada, que vivem em torno de si mesmos e da própria insignificância compartilhada.
O problema da pessoa gorda é que, por não ter a motivação necessária para mudar, redireciona seu sistema de recompensa para a comida. É o mesmo mecanismo de quem é viciado em pornografia: por não conseguir transar, prefere abrir o Xvideos — bem mais fácil.
Eu mesmo, que já fui viciado em pó, entendo. Até mudar. E curioso: era quando eu mais transava e menos comia (comida, rs). Hoje eu como muito (comida) e mudo muito.
Meu maior incentivo é a inveja e o recalque. Gente que pergunta: “Como parece tão fácil pra ele, que nem se esforça?”
E de fato, pra mim, não é esforço. Eu nem suo. Isso porque meu comportamento médio já é muito bom — e quando eu me esforço, fico muito acima da média.
Não quero só melhorar. Quero puxar a média de quem convive comigo pra cima, pelo exemplo.
Somos moldados pelo ambiente. Uma mulher casada com um homem medíocre dificilmente deixará de absorver, por osmose, a própria mediocridade dele.
Existe a famosa Curva de Gauss, que mostra como a maioria da população está justamente no meio — no platô do comum. Gente que não se destaca em nada.
De certa forma, até ser ruim já é uma forma de distinção — negativa, mas ainda assim, distinta.
Quem está acima da curva é raro. E os mais raros ainda são os extemporâneos: artistas, criadores, insatisfeitos com o “homem” porque sabem que o ser humano é um projeto inacabado.
São os super-homens sem capa, que às vezes têm apenas uma caneta ou um teclado.
No Recanto, os que mais se destacam, olhando o número de leituras, não são os que mais escrevem, nem os que escrevem melhor — mas os que mais comentam.
Se alguém tem 200 comentários, pode crer que já fez mais de mil.
Essa troca viciada apela à vaidade dos medíocres, que buscam validação por favores sociais, não por mérito literário.
Sinceramente, amigos, não faz sentido perder tempo lendo autores amadores — nem mesmo eu.
No máximo, me visitem pra dar risada ou pra se irritar com a inveja que eu provoco.
Mas vá ler Balzac, vá ler Proust. Não percam tempo me lendo.
E menos ainda esses autores que estão mais preocupados com proselitismo e likes literários do que com literatura de verdade.
Se você usa “rsrs” ou emojis aqui, seu lugar é numa rede social do Zuckerberg — não aqui.
Enquanto os administradores não seguirem minha sugestão — ou minha consultoria — para converter a plataforma em uma rede social literária de verdade, vocês continuam sendo um desserviço às letras.