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Caminhar, em média, 24 mil passos por dia mudou a minha vida. Grandes personagens históricos caminhavam para pensar: Jobs, Einstein, Nietzsche… eu. Enquanto ando, passo por um campo society e vejo pessoas jogando futebol.
Na minha sabedoria em retornar às origens mais primordiais, sinto falta de jogar também. Mas infelizmente, não existe escolinha para adultos — e isso não depende só de mim.
Outra coisa que também não depende só de mim e que me faz falta: jogar videogame — os jogos mais atuais. Porém, não tenho tempo. Um celular ultra moderno, que rode jogos triple A, resolveria esse problema.
E como já escrevi antes: games, com moderação, fazem muito bem ao processo cognitivo. Nunca conheci alguém que jogue videogame e seja burro.
Mesmo assim, isso também não está inteiramente sob meu controle. Assim como o amor.
Eu não posso viver o amor agora, mas posso redirecionar meu eros para outros assuntos e, assim, esquecê-lo.
A pessoa que eu confundi… eu não a odeio, apesar das palavras duras. Apenas percebi — tardiamente — que os valores dela divergem dos meus.
Ela deseja fazer parte do ciclo dela: médicos medíocres, tanto intelectualmente quanto profissionalmente. Tudo o que ela conseguirá será atender à libido de seu pai e sua família — numa conversão edipiana de desejo —, mas sem jamais ultrapassá-los em proficiência ou carreira.
Deve ser triste viver à margem da própria família… e ainda levar uma vida que não é genuinamente sua.
Médicos se formam aos montes. Mas a história não consagrará nenhum deles.
Eu, por outro lado, preciso realizar a obra de arte humana — e, mesmo que ela não fique para a posteridade, eu permanecerei com ela.
Veja: nós vivemos conosco mesmos 24 horas por dia. Em todo lugar que vou, meu corpo vai junto. E assim vão também meus pensamentos, meu conteúdo, minha criatividade, minha erudição.
Mas se o que eu carregar comigo for só um monte de banalidades, isso me diminui como indivíduo.
Eu tomo banho todos os dias, e ainda percebo — embora não seja nítido para todos, mas é para mim — uma leve saliência no abdômen que não me satisfaz.
Por isso, trabalho diariamente para conviver com o melhor corpo possível, de acordo com a minha genética.
Mas sem desfocar do meu conteúdo, do sono, da libido, dos orgasmos, dos hobbies. Eu ajo de manhã para alcançar o sono da noite.
Aí você me diz: “essa não é a realidade da maioria das pessoas, que trabalham para subsistir”.
Mas eu te digo: e você, sustentado pelos pais, que não controla nem o ciclo circadiano? Quantos aposentados, herdeiros, beneficiados — que não fazem nem o mínimo, o básico, para não serem sedentários e medíocres?
Eu faço a minha parte.
E, modestamente, na academia ninguém faz o que eu faço fora dela. E no Brasil — quiçá no mundo —, só atletas têm meu nível de conscienciosidade e dedicação.