Ah, essa coisa do capital erótico…
Ele traz facilidade, portas abertas, sorrisos gratuitos — e, junto, uma armadilha sutil: a acomodação. Eu, que carrego não só o rosto mas também o intelecto e o humor como atributos estéticos, sei que o privilégio físico não é isento de preço.
Ter facilidade demais embrutece. E, em mim, habita uma fome. Uma fome que se alimenta da rejeição. Mas até mesmo as rejeições que sofro não são genuínas. Elas não vêm de um “não” sincero, mas de uma reação dissimulada à força que emano.
Quem não demonstra fraqueza desperta inveja. Desperta raiva. Recalque. Ressentimento.
Então, o outro finge rejeição, encenando uma superioridade defensiva. Mas, como já dizia Nietzsche, é raro mentirmos para os outros — as mentiras mais frequentes são as que contamos a nós mesmos.
Só o fato de eu não passar indiferente já revela força. Já revela distinção.
Mesmo a suposta rejeição me dá um tipo de combustível que poucos conhecem: a vontade furiosa de provar que aquilo que tem valor não precisa de argumentação. Basta ser.
E quando estou diante de algo pequeno — pequeno em conteúdo, em finesse, em elegância, em humor — a diferença se escancara. Tão abissal que torna impossível a pessoa não se apequenar diante de mim.
E, sim, esse motor nada nobre também me alimenta. Eu aceito o que me move, mesmo quando vem da sombra.
Falei dos perfis de moda. Sim, talvez eu não tenha a estatura exigida, mas elegância… ah, essa é inata. Mesmo sem dinheiro, sou mais elegante que a maioria.
E bonito — bonito também na erudição.
É como comparar uma ameba com uma raposa.
E entre os modelos morenos ou afrodescendentes, aí minha beleza aumenta uns 85%. É como se a luz do contraste realçasse ainda mais o que já brilha em mim.
Aos mais belos, geneticamente privilegiados, eu lanço um desafio silencioso. Se eu trabalhar com afinco, posso superar o conjunto. Mas sei: se eles fizerem 20% do que eu faço, eles me ultrapassam. E é isso que torna a vida interessante.
Ser mais bonito que alguém bonito, mesmo contra a genética, contra a natureza. Organicamente, espiritualmente, na marra.
É fundamental estar forte para enxergarmos nossa condição.
Permitir que alguém me ameaçasse de morte e dissesse que chamaria polícia e advogados só porque mostrei distinção… é uma mácula. Cômica, sim, mas não me define. Mas há uma semelhança entre os perfis, o sobrepeso e falta de conteúdo.
A médica sem saúde, a comunicadora que não sabe nem falar ou escrever, que dissemina conteúdo para “ajudar” mulheres sem nunca ter se ajudado.
E é engraçado: o símbolo da mediocridade do mundo ao qual pertencem são justamente as pessoas que elas seguem ou que as seguem mutuamente, numa retroalimentação do vazio.
Felizmente, somos capazes de farejá-las de longe e de nos distanciarmos instintivamente de todos esses organismos malogrados — como uma reação alérgica.
Apenas mais um caso que me leva adiante.
A luta é grande e constante — mas não maior que a minha força de vontade.
Se houvesse um apocalipse zumbi, ou cordyceps como em The Last of Us, ou a ilha de O Senhor das Moscas, eu sobreviveria.
Eu sou um desses. Eu não apostaria contra mim.
Mesmo contra todas as odds…
Eu vou quebrar a banca.