Os afetos são interessantes: às vezes, um átimo, um insight, uma ojeriza repentina é capaz de apagar nove anos de afetos.
Em um instante, você tem uma iluminação nas redes sociais ao pesquisar o perfil de alguém. Você vê o nível de uma amizade recém-feita com um perfil que não tem nada — assim como o meu — e pensa: caralho, que loucura. Tudo isso que escrevi, tudo que já fiz, não serviu de porra nenhuma. Pelo contrário: me subiu uma raiva súbita, não do outro, nem de outra pessoa, mas de mim mesmo e da minha estupidez em me diminuir a esse ponto.
Logo, a alienação se converteu em extrema lucidez e num despertar — um desses momentos necessários de estímulo que mudam toda uma história, uma jornada.
Ainda mais no momento atual, em que só falta o poste começar a mijar no cachorro, e eu deixei que essa transmutação dos valores fosse operada bem diante dos meus olhos.
Eu, hein. Que delírio.