Em tom de chiste, eu poderia responder: nada. Mas aprendemos até com exemplos negativos. Ainda que, neste caso, não seja necessário.
A princípio, entrei no Recanto das Letras para demonstrar meus sentimentos por uma pessoa. Entrete-la com assuntos da minha predileção — e que poderiam ser os dela.
O aumento da minha leitura era simbólico: poderia ser ela. Por isso, não comentava em textos de ninguém.
No entanto, algumas resenhas minhas começaram a ser lidas. Alguns recantistas passaram a me notar quando meu nome aparecia na página inicial. Depois, começaram até a procurar minha escrivaninha para me ler.
E foi quando comecei a falar de política que me tornei mais popular — com média acima de 33 leituras por texto.
Algumas falsianes só interagiam comigo por causa disso: alguns porque eu falava mal do Bolsonaro, outros porque eu falava mal da esquerda.
Mal sabem eles que eu não tenho partido nenhum. Se falei mal do Bolsonaro, foi porque ele representava — e representa — tudo aquilo em que não acredito: a ignorância, o mal absoluto, a falta de democracia e liberdade.
Criticar essa figura não é opinião. É questão de caráter.
Mas enfim — quem interagia só por causa disso que fique mesmo distante da minha escrivaninha. Embora eu saiba que muitos me leem pelo buraco da fechadura.
Hoje, escrevendo até 16 textos por dia, minha alcunha aparece a todo momento no Recanto. Um usuário assíduo como eu é impossível de ignorar.
Quem não me conhece, já riu, já se irritou — ou, quem sabe, já sentiu inveja da minha elegância, beleza e erudição.
Os que me evitam de propósito são exatamente os que eu prefiro distantes.
Mas o Recanto foi fundamental na minha recuperação. Deitar os pensamentos no papel. Compartilhá-los. A escrita me salvou.
Me reconduziu a mim mesmo.
Nietzsche diz que a capacidade de se reabilitar da doença é indício de que, predominantemente, o sujeito é forte. Foi isso que fiz.
Agora aprendo também o que não quero ser.
A bajulação medíocre em busca de aprovação, aplausos e leituras é uma praga. Com todo respeito ao Chico Gois, li um artigo dele recentemente que era tão chato que parei no primeiro parágrafo.
Excesso de academicismo, falta de estilo próprio, e quase mil leituras e comentários. Não sei se ele usa redes sociais ou se paga gente com pão com mortadela para lê-lo. Mas é daqueles que falam muito e não dizem nada.
A Leila Angélica, mais coloquial, escreve bem — mas convenhamos: um texto premente sobre obesidade infantil, como o meu, não ter nem dois dígitos de leitura, enquanto os deles somam centenas, é um símbolo da mediocridade e alienação que tomou até o Recanto.
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Faço um apelo:
Leiam meu texto sobre o documentário Muito Além do Peso, que compartilho abaixo.
A RESENHA MAIS IMPORTANTE DA MINHA VIDA: Muito Além do Peso
E, se possível, compartilhem — em vez de memes idiotas. Se forem os meus, até vai lá.