Depois do western spaghetti de Sergio Leone e dos faroestes tradicionais de John Ford, o espanhol Pedro Almodóvar cria o western homossexual fashion.
Em um curta-metragem que mais parece uma peça publicitária da grife francesa Saint Laurent — que, aliás, assina o figurino — não temos mais os caubóis maltrapilhos do Velho Oeste. Em vez disso, surgem personagens vestindo roupas impecáveis de grife. Sai a poeira, entram a maquiagem branca e a purpurina.
Estrelando Ethan Hawke — que já protagonizou a trilogia de Richard Linklater — e o ator que interpreta Joel em The Last of Us (um ator visivelmente fraco), o curta propõe um romance pederasta no estilo clássico de Almodóvar.
O enredo é simples: o personagem de Joel visita Ethan após muitos anos. Ethan olha para a bunda de Joel. Eles dormem juntos.
Simples assim.
Parece que ser hétero, neste universo almodovariano, te coloca automaticamente como alvo. No cartaz, ser hétero é quase sinônimo de perseguição. Todos os personagens do curta são homoafetivos — o que, por si só, não é problema algum. O problema é o vazio narrativo que acompanha essa estética.
O filho de Joel é, na verdade, um temido bandido — um facínora. Uma espécie de Billy the Kid, mas com fascínio por pistolas. Quer dizer: ele adora uma pistola.
No fim, para proteger esse filho, Joel atira em Ethan. Mas logo depois cuida dos ferimentos do amante com uma dedicação úmida, cheia de desejos insinuados em áreas erógenas que não são naturalmente ligadas ao sexo.
É um curta-metragem fraco. Não dá para chamar de arte — não por causa do tema, mas pela absoluta falta de conteúdo e de forma. Tudo é esquecível, nada é memorável.
A menos, claro, que você seja gay e goste de caubóis. Ou simplesmente beba chimarrão, torça pro Grêmio e more no Rio Grande do Sul.