Pai, demorou, mas aprendi: ninguém vai fazer a coisa por nós.
Os filhos do egoísmo são piedosos só quando te veem caído.
Estendem a mão na hora da tua pior queda, mas não por amor — por vaidade.
A compaixão deles era apenas a alegria de ver alguém sofrendo mais do que eles.
Mas quando você se levanta, brilha, renasce — aí a história muda.
Não há aplausos. Há inveja.
Porque sua força ofende a fraqueza que eles se recusam a enfrentar.
Porque sua vitória mostra que a dor não é sentença — é degrau.
Esses que diziam “estou aqui por você” somem quando sua luz ameaça as sombras deles.
Os mesmos que se compadeciam da tua ruína se ressentem da tua reconstrução.
Pai, minha felicidade ofende os infelizes.
Minha saúde ofende os doentes da alma.
Meu riso incomoda quem só conhece o gemido da própria desistência.
O autor do lugar onde escrevo, que está lá desde 2006, nunca publicou algo digno de ti — e ainda ousa dizer que minha vida real “é pouco”.
E a outra, que recebeu holofote sem ter luz, diz que “exibo minha pobreza com orgulho”.
Eles não entendem: minha riqueza não se mede em cifras. Ela é inefável.
Minha alegria é um dom. Uma abundância espiritual.
Ela transborda — e procura mãos que não recuem.
Eu já assinei o contrato da grande saúde, contra doença.
E ao atravessar esse pacto, me refiz.
Com disciplina, com lucidez.
Criei a mim mesmo como quem esculpe uma obra de arte.
Ela se revela no meu humor, na minha produção, na minha leveza e na minha potência.
E ainda assim, os verdadeiros doentes — os que vivem de ressentimento — dizem que minha mente está deteriorada
Igual aos filhos de Sófocles, que — movidos pelo egoísmo e pela ganância — queriam interditá-lo para ficarem com sua riqueza, também enfrento julgamentos rasteiros.
Como resposta, Sófocles entregou aos juízes sua última obra, Édipo em Colono, e perguntou:
“Alguém em estado de debilidade poderia escrever tal obra?”
Não houve mais questionamentos.
A minha produção intelectual aqui no Recanto é essa prova.
Inclusive, quando comparada à dos meus detratores — que, tal como os filhos gananciosos de Sófocles, invejam minha riqueza —, não resta dúvida.
Por quê? Porque não suportam quem cria. Preferem destruir.
Porque não querem mostrar o que sabem. Querem apagar o brilho de quem sabe mais.
Perdoa essas almas pequenas, pai.
Elas não sabem o que dizem.
Ilumina meus olhos com teu brilho — e com o brilho que vem de mim.
AMÉM.