DEUS, Bakhtin — se não sei se acreditava em TI — ao contrário dos intelectuais ligados ao socialismo — dizia que o gênio, esse ser que se assemelha a ti em criação, era alguém capaz de sintetizar um universo polifônico de ideias em algo novo, original, criativo.
A genialidade é, portanto, o teu sopro divino.
Se as ideias estavam aí, ó Pai, por que esses teus filhos recantistas — que estavam lá desde os primórdios, há 20 anos — nunca produziram algo relevante?
Fui eu que criei a fórmula do humor curto, inteligente e surreal. Criei os podcasts do Recanto: um sério, o Podletras, e outro mais sério ainda, o Fodacast, sobre sexo, prazer e filosofia.
Acho que achei uma identidade muito própria — de identidade visual — nos meus artigos, culturas e resenhas, que mesmo se eu não assinasse, as pessoas reconheceriam o autor.
Como a criatividade não é um dom que o Senhor distribui igualmente, eu estou divulgando os escritos do poeta Ranely, da professora Cidinha e do sedutor invulgar e erótico — em CAPS LOCK E PRAZER (RISOS). E, claro, as orações. Tudo tem minha marca mui particular, meu cheiro, minha verve, idiossincrasias, paixão, sangue, entranha.
Às vezes eu penso que o sucesso de vida e a felicidade de uma pessoa se dimensionam não por sucesso, dinheiro, sexo, mulheres, mas pela quantidade de vezes que ela sorri ou gargalha — com propósito ou sem propósito nenhum.
Do mesmo modo, o choro.
Sou praticamente incapaz de chorar de dor ou tristeza. Agora… um filme, um livro, uma ideia, o amor ou a menção dele… A cena em que o pai do Simba morre. O naufrágio do Titanic. Os recortes de beijos em Cinema Paradiso…
Tudo isso me faz chorar copiosamente.
A felicidade encontrada em mim mesmo — de quem retomou o rumo de si — esse contentamento é indescritível, inefável, e eu consigo me expressar mais eloquentemente através do choro.
AMÉM.