Ultimamente tenho sonhado por escrito, meu Pai. Assim como eu também oro a ti, Senhor, deitando as palavras não em papiro, mas em código binário.
Não pergunto, nas minhas dúvidas de criança, se também o Senhor sonha, pois o mundo é resultado do sonho de Deus.
Seu sonho é prático. E como Sua Palavra diz que devemos agir como Jesus agiu — que também é o Senhor —, eu tento emulá-Lo: ao sonhar de olhos abertos e atentos. Olhos escuros, grandes e espertos, que tudo observam como o Grande Irmão, a nota do dólar, ou o olho de um ciclope… com a vantagem de que tenho dois.
Eu crio. Criando, espero fazer a Sua vontade. Ponho a rodar um mundo de ideias, ainda que ideias não agradem a todos.
Mas é verdade também que as pessoas não sabem o que querem até que os inventores mostrem. Se perguntassem, na época, as pessoas teriam pedido um cavalo mais veloz — e não teriam um automóvel. Um automóvel mais veloz, talvez que soubesse nadar — e não um avião. Um Nokia menor — e não um iPhone. Seu namorado, amante ou marido — e não um David Amorim.
O Senhor quer ajudar Seus filhos, mas eles não ajudam a si mesmos. O Senhor pode soprar os caminhos, mas como não tem corpo perecível, pois és eterno, não pode executar Seus planos por eles.
Ponha Sua mão sem corpo, etérea e celeste, sobre mim, Pai. Não aja por mim, mas me mostre os caminhos.
Hoje a oração é curta, pois gastei todos os meus caracteres no #twitternorecanto — inutilmente? Como perguntaria o poeta?
Não, porque escrevi. porque cumpri contra o destino meu dever.
“Aqui estou eu.
Não posso agir de outra forma.”
E que continue escrevendo. Eternamente.
Só espero que no Paraíso tenha caneta e papel.
Amém.