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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

REINO ANIMAL - DE DAVID. MICHÔD. Não, AMORIM.


 

O RECANTO DAS LETRAS, ORGULHOSAMENTE, APRESENTA:


 

Se Scorsese e Tarantino Fizessem as Pazes com o Id

E se Martin Scorsese fosse desprovido de superego e resolvesse fazer um filme sobre gangsters? Ou se Tarantino resolvesse escrever diálogos de um filme sobre criminosos, mas de uma maneira mais real? David Michôd bebeu dessas duas fontes para fazer seu Reino Animal — e alguém com esse nome só poderia ser genial.

 


 

Selva, Capital e Contrato Social

O Reino Animal faz alusão ao mundo da selva, ao estado de natureza anterior ao contrato social, onde imperava a lei dos mais fortes, e no qual os mais fracos só sobrevivem com a ajuda dos fortes.

 

Ou mesmo ao mundo das hierarquias morais, em que os mais fortes também fazem valer sua moral — através de sua legitimidade e toda sorte de capitais, simbólicos ou financeiros — para satisfazer seus apetites. Isso, claro, até encontrar alguém mais forte e mais talentoso para vencê-los.

 

Esse filme é sobre isso.

 


 

Silêncio Entre as Mortes

Um filme que é uma sucessão de tragédias. Começa e termina com a morte. E as pausas no filme são pontuadas pelo silêncio da morte.

 

Uma família de criminosos cujos instintos selvagens já não funcionam bem, e que são superados por alguém mais forte. A natureza vai dando cabo de um por um.

 


 

A Mãe Morta e a Avó Viperina

O filme começa com a morte por heroína da mãe de J, que não tinha contato com a família materna por saber que eram criminosos. Mas como ele não tinha opção, procurou a avó.

 

Uma das personagens mais cínicas e esquisitas da história do cinema. É a verdadeira Godmother que cuida dos negócios da família, apesar de seus filhos acharem que estão no controle. Faz questão de beijar todos os seus meninos nos lábios. E tem orgulho deles.

 


 

Homens Fracos, Mulheres Fortes, e a Tragédia em Curso

O chefe é o tio de J, Papa. E o personagem de Guy Pearce é um dos primeiros a morrer por tentar proteger Papa.

 

Todos os personagens são estranhos. Há o advogado inescrupuloso da família, viciado em cocaína e poder. Sua namorada, vadia. O irmão, meio homoerótico.

 

E a nuance afetiva é entre J e sua namorada: uma garota bela, sensível, mas problemática. Como os pais dela temem perdê-la, fazem concessões — como deixar que J durma em casa. O tratam como filho. Mas, como uma pessoa mimada e aberta a experiências, ela se coloca em situações ruins.

 

Não aceita ser controlada, por isso não se incomoda com os jogos eróticos que os tios de J lhe impõem, ou em presenciar que cheiram várias carreiras e usem heroína.

 

E sua abertura traria sua tragédia, numa das cenas mais fortes e violentas da história do cinema — apesar de não haver violência física explícita.

 


 

Silêncio, Agulha e Travessia

J termina com ela para proteger sua família. Irritada, ela procura J na casa dos tios, mas ele não está. Papa sabia que ambos falaram com a polícia, por isso ele estava se picando.

 

Disse: “Se ela não queria…”. Ela hesitou. Mas aceitou. Ele picou delicadamente seus braços, e no êxtase da heroína — que dizem ser melhor que um orgasmo — começou a perguntar se ela falou com a polícia.

 

Ela, mal conseguindo responder, negou. Então ele a asfixiou com um travesseiro. Seu irmão mandou ele parar, mas Papa prosseguiu até extinguir a respiração da garota, que no estupor da droga sequer conseguiu gritar.

 

Na autópsia, quando acharam depois, deu como se tivesse morrido acidentalmente de overdose.

 


 

Vingança e Herança Incestuosa

J ajudou a família a escapar no depoimento. Mas sem ninguém, procurou a avó novamente, que — mal ele saberia — tentou matá-lo enquanto ele estava no programa de proteção à testemunha.

 

No fim, ele volta para a casa dos tios e da avó. Disse que não está com fome e vai se deitar. Papa vai falar com ele, que está acordado. Ele saca a arma e explode a cabeça do tio.

 

O forte que virou fraco foi superado por alguém mais forte.

 

J se vingou da perda da sua namorada. E seu destino agora é virar o chefe da família, sob a supervisão incestuosa da avó, e dar seguimento ao legado de sangue e miséria da família.

 


 

REINO ANIMAL - Escrito e dirigido por David Michôd.

 

 


DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 25/05/2025
Alterado em 25/05/2025
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