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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

ORAÇÃO LAICA DO DIA: (24.05.2025)



O RECANTO DAS LETRAS, ORGULHOSAMENTE, APRESENTA:

 


 

Pai, sou eu quem lhe escreve.

Espero que você saiba quem eu seja, já que eu mesmo não sei.

 

Mas… o que me importa SER?

O que importa é o que é — o transitório, o movimento, o que muda, o que está sempre em transformação, como o rio de Heráclito — não o que permanece.

 

Ao escrever este texto, eu já serei outro.

E no fim do dia, mais outro ainda.

 

Sou vários, de acordo com os estados de intensidade que atravessam meu corpo sem órgãos, como diria Deleuze. Cabe a mim cuidar para que minhas afecções sejam as melhores possíveis, para gerar o melhor “eu” possível — para mim, para quem amo e, depois, para a sociedade. Esse é meu trabalho.

 


 

O Exército de Um Homem Só

É engraçado — e até um elogio — as críticas que as inimigas (ou talvez os demônios do seu maior inimigo, anjos caídos que ele me mandou para me testar) fazem sobre mim:

“Essa página só pode ser de muitas pessoas.”

 

É que eu sou um exército de um homem só.

A single man show.

Sou vários em um só. Polivalente. Multifacetado.

 

Heráclito, já teria dito que o mundo se divide entre a maioria (os que me criticam) e os raros — aqueles que me aplaudem, que têm ouvidos e capacidade para o meu conteúdo.

 


 

Os Despertos e os Dormentes

Heráclito já dizia: a maioria é composta por dormentes — que, mesmo despertos, ainda dormem para as coisas do pensamento. Gente que não é do ramo.

 

Agora, pensar e exercer o pensamento é tarefa para um ou outro.

Os despertos. Os acordados.

 

Os despertos sabem que a história do pensamento não começou com seu filho, nem com o deus que nasceu antes do dele, que foi Sócrates. Mas com os pré-socráticos.

Todos os conceitos fundamentais da filosofia e do pensamento já estavam lá: o do Ser e do Nada, em Parmênides — que depois retomariam os existencialistas como Sartre e Heidegger.

 


 

A Realidade por Trás da Sombra

Os despertos e acordados — como na reflexão de Matrix e suas pílulas — sabem distinguir o mundo sensível e o real verdadeiro: o das ideias e das sombras.

 

A essência das coisas.

O Verbo.

O mundo ontológico.

O universo ôntico.

O Ser e os entes.

 


 

Oração de um lúcido 

Hoje, peço para que eu continue desperto.

E, quanto ao pensamento, que eu jamais adormeça —

Para ser, sempre, lúcido.


 


 

Hermetismo e Tradução Filosófica

Heráclito dizia, inclusive, que não devíamos ser lidos por muitos, já que eles não têm capacidade de entender. Por isso, ele escrevia de modo inacessível e hermético para a maioria.

Eu penso um pouco diferente.

Eu acho mais difícil ser entendido por gente burra do que por quem é inteligente.

É mais difícil adaptar um conceito filosófico difícil para pessoas ignorantes do que escrever em linguagem técnica para quem domina o assunto.

 

O que o Clóvis faz oralmente é o que eu pretendo fazer com a escrita.

E escrevo sobre alta cultura, conceitos filosóficos, psicológicos e sociais sofisticadíssimos, arte — e acho que sou bem-sucedido e, sim, compreendido pela maioria.

Mas sem vulgarizar meu conteúdo.

 

Isso graças à minha capacidade — e talvez dom celeste — que o Senhor me deu, Pai.

É claro que alguns, os dormentes, que sofrem até de narcolepsia, esses não entenderão nem de uma forma, nem de outra, e chamarão meu conteúdo de “besta e inútil”.

Esses dormem para sempre.

 

Amém.

 




 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 24/05/2025
Alterado em 24/05/2025
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