ORAÇÃO LAICA DO DIA.

O RECANTO DAS LETRAS, ORGULHOSAMENTE, APRESENTA:

Quando o Impossível me Encontra

Pai, se ninguém me avisa que algo era impossível de realizar, eu simplesmente vou lá e realizo.

Se algo é possível, resolvo na hora.

Já o impossível… só peço o prazo de alguns dias pra eu realizar.

A Caminho do Inalcançável

Quem olha esta imagem abaixo — e também a que compartilhei hoje — ousaria dizer que não realizei o impossível?

Embora meu objetivo ainda esteja distante — faltam ainda de 4 a 6 quilos de gordura para a definição absoluta do abdômen, o chamado six pack — agora eu tenho método, objetivo, constância e vontade.

Mas, Pai, a distância do meu objetivo não me desmotiva.

Pelo contrário: ela me inspira.

Me mostra que ainda há muito a ser feito.

Muito a ser melhorado.

Um longo caminho a ser perseguido — para que eu me talhe, não em argila frágil, mas em madeira cheirosa, mármore branco ou bronze eterno… como uma obra de arte viva.

A cada dia em que me esforço ao máximo, sei que estou mais perto da minha meta: melhorar.

E quando durmo, durmo cansado — de exaustão.

E quando acordo, Pai, acordo ansioso para começar tudo de novo, na manhã seguinte.

Num eterno retorno virtuoso, arrancando das circunstâncias o melhor proveito, vivendo o dia até a última gota — ao máximo, com alegria, com fé, com Tua mão sobre mim.

Com essa regularidade, Pai, é só questão de quando vai acontecer, e não se vai acontecer.

Boneco Sem Pernas, Mas Com Alma

Hoje mesmo recebi um comentário que, creio, foi um elogio.

Sem sarcasmo, disseram que pareço um boneco sem pernas.

Pois bem. Renascido das cinzas, Pai, percebo que a simetria que busco é justamente a de um boneco — modelo, atleta de elite, bailarino.

Porque, no dom do bom gosto e do conhecimento que Tu me concedeste, fui capaz de olhar com compaixão e crítica os corpos desformes, musculosos e dissimétricos dos fisiculturistas.

Não é isso que me convém.

Busco definição, resistência, beleza funcional — não a hipertrofia assimétrica e monstruosa, que, ao final, só fica bonita despida… ao preço de perderem o pescoço, a mobilidade, as pernas, o pênis e o cérebro.

Força Sem Mente é Vaidade

De que vale ter músculo e não ter cérebro?

Eu, Pai, me inspiro nos atletas verdadeiros.

Aqueles que, além de força e capacidade fora do comum, têm inteligência para evoluir.

Sabem se atualizar, se reinventar — e em algum momento, dão um salto de qualidade.

Quem não dá, fica para trás.

Como Cristiano Ronaldo: de ponta driblador virou artilheiro implacável. E agora está perto de mil gols.

Pois eu, Pai, já ultrapassei mil textos.

De uma qualidade inefável.

Sem comparação aqui no Recanto.

O Recanto Sou Eu

Glauber Rocha dizia que o Cinema Novo era ele.

Da mesma forma, eu afirmo: o Recanto das Letras sou eu.

Mas ainda busco o salto da maestria.

Quero melhorar meu conteúdo, refinar o estilo, lapidar minha intelectualidade.

Pai, livra-me da estagnação.

Como diz Tua Palavra:

“Quando eu era criança, falava como criança.

Hoje sou homem, devo falar como homem.”

Não quero envelhecer escrevendo como adolescente.

Nem daqui a 20 anos manter o mesmo estilo literário de agora.

Busco maturidade.

Busco a evolução constante.

E quem me conheceu há 8 anos e vê essa ética de crescimento sabe do que falo.

Ken Sem Barbie

Volto ao elogio que recebi: que sou um boneco.

Sou, sim, Pai: o Ken da Barbie brasileira.

Mas na pele de um intelectual exótico.

Na verdade, sou um Ken sem a Barbie.

E a falta dos membros inferiores que notaram talvez seja porque a pessoa que amo me desmontou.

Começou pelas pernas… depois o coração.

E acho que quem os retirou foi a própria Barbie.

Pai, Devolve-me o Que faz Parte de Mim

Pai, ajuda-me a ter meus membros de volta.

Mas não te esqueças do essencial:

Devolve a Barbie.

Ken não pode ser feliz com outra boneca.

Não a Susy.

Tem que ser a Barbie:

Na skin de pediatra e intelectual, de beleza fina, angelical, sem o double B, mas com o double N.

Amém.