A foto acima é uma das primeiras selfies tiradas — mas não é de qualquer um. É de Stanley Kubrick, talvez o maior diretor de cinema de todos os tempos. Um dos mais técnicos, certamente.
Nessa imagem, trata-se de um autorretrato. Ironicamente, uma selfie antes mesmo do nome “selfie” existir.
Ela mostra Stanley Kubrick, ainda jovem, quando era fotógrafo da revista Look nos anos 1940-50. Ele usou uma câmera Leica e aproveitou o espelho para compor o retrato, com simetria e expressão intensa.
Esse tipo de foto exige atenção ao enquadramento, ao foco, à iluminação — e é bastante comum entre fotógrafos que querem experimentar autorrepresentação. O que, aliás, já era uma característica do trabalho do diretor.
A elegância, o estilo, a personalidade, o talento… isso não se compra.
Mostrar essa fotografia hoje é importante, principalmente na era das selfies tiradas com celular — com enquadramento e expressão todo cagado, sem nenhuma preocupação estética.
Muitas dessas selfies são tiradas no espelho, como o retrato de Kubrick. Mas… são iguais a ela?
Ele está sorrindo no retrato? Será que ficaria mais bonito se sorrisse?
E vocês ainda me perguntam por que eu não sorrio nas minhas imagens de look do dia — que são selfies.
Embora eu não seja fotógrafo e não saiba nada da técnica, eu tenho bom gosto e sentido estético apurado. E, mesmo sem ser Kubrick, dá pra dizer que criei uma técnica nova de selfie: a captura de tela das minhas próprias filmagens.
Ela me dá controle absoluto do que quero registrar.
Para isso, uso um equipamento estabilizador. É uma pena que a câmera do celular ainda não seja meu sonhado iPhone 16 Plus — quando for, o resultado será ainda melhor.
Agora, a selfie tradicional, tirada no espelho todo cagado, da pessoa sorrindo às vezes em frente a um espelho embaçado de shopping… ou pior: na academia, sem vestimenta apropriada, às vezes nem mesmo com um corpo bonito…
Isso mostra a completa falta de senso estético e de bom gosto. Típico de quem não tem nem critério pra fazer uma foto.
Lamentável.
Mas o pior de tudo é a selfie que alguém tira com o celular na mão ou com pau de selfie. O ângulo aproximado da câmera nunca pode ser bom. O resultado? Um desastre.
E por último: essa maldição de sorrir na foto.
É uma imposição social. Uma falsidade para ilustrar o momento. A vida da pessoa está destruída — como em Ainda Estou Aqui — e ela está lá, sorrindo.
A boa fotografia é espontânea, natural, roubada — ou o contrário: como a de Kubrick, pensada como obra de um artesão, no sentido da luz, do figurino, da estética.
Nos filmes, se vocês conhecem minha opinião sobre os melhores, vão perceber que o que se destaca — além da história, da atuação, do figurino — é a fotografia.
E por tanta experiência vendo filmes e belas fotografias, por mais que eu não entenda nada tecnicamente, é claro que adquiri um bom senso estético para fotos.
Não à toa, entre meus filmes prediletos estão Era uma vez na América, Fale com Ela, Roma (de Fellini), A Grande Beleza…
E o que todos eles têm em comum? Uma fotografia irrepreensível e direção artística invejável.