Nietzsche já dizia que é relativamente raro mentirmos para os outros. As mentiras mais frequentes são as que contamos para nós mesmos.
Quando o bloqueio é uma mentira não para outro, mas para si mesmo, para esconder ou ocultar uma falta em si, ainda que sob o pretexto de punir o outro, só pode prejudicar quem bloqueia. Nesse caso, o bloqueio é uma falta de coragem de encarar a si, tentando punir o outro — e só prejudica e machuca a si mesmo.
Se há semelhança entre a menina Enzo e a pessoa que amo, é que ambas me bloquearam.
As mulheres, sobretudo, se contentam com pouco por medo de não ficarem sozinhas. Você acha que vou me resignar com o bloqueio, quando, ao imaginar as pessoas com quem ambas se relacionaram ao longo de suas vidas — amorosamente e em amizade —, e com quem se relacionam agora, em contraste comigo… com todo respeito, eu acho essa rejeição até um tanto cômica, pois sei do meu valor.
Enquanto isso, uma amiga me disse que se separou do marido há dois meses, pois descobriu uma traição dele com uma amiga. Coisa de novela — e ela me mostrou provas. Se são verdadeiras ou não, eu prefiro confiar nas pessoas.
Mas o mais surpreendente é como um homem como o ex-marido dela consegue ter concomitantemente duas mulheres — sendo ele desprovido de elegância, conteúdo, beleza e, pelo que vi no vídeo, até mesmo de um pênis, rs.
E se não fosse o fato de ele ter um, nem diria que se trata de um homem, pelo seu histórico de covardia, agressão, agora traição à família e falta de vontade de trabalhar. Mas as mulheres que se submetem a ele dizem mais sobre elas do que sobre os homens. Muita falta de gosto, critério e amor-próprio.
Elas reclamam de traição, mas ora… o homem não trai sozinho. A traição só existe porque há mulheres dispostas a esse papel de amantes.
Então vocês acham que vou ligar por ser “rejeitado” por mulheres assim?
Eu não compito com ninguém, só comigo mesmo.
A tendência destrutiva que carregamos em nós contraria a vida e a criação. Freud a chamava de instinto de morte: esse desejo inconsciente do organismo de retornar à inatividade da matéria, ao silêncio do não-ser, ao repouso eterno.
São os nossos demônios internos. E quando aprendemos a controlá-los, só resta o seu contrário: o instinto de vida, que deseja se expandir cada vez mais.
A comparação com outros serve de inspiração ou para ver que caminho eu não quero seguir.
O livro mais famoso de Bourdieu é A Distinção, que defende que a natureza do homem — e de qualquer ser humano — é se distinguir. Gosto dessa reflexão, que faz paralelo com a vontade de potência de Nietzsche e com a tendência natural do ser humano.
Mas algumas pessoas se distinguem mais por tudo que ignoram do que por aquilo que conhecem — inclusive em relação a si mesmas.
Eu só consigo produzir conteúdo de qualidade com uma fórmula: se tenho bons encontros com o mundo que favoreçam minha força criativa e minha fisiologia, isso só pode resultar em bons pensamentos.
O pensamento é uma necessária fisiologia; o livre-arbítrio, uma fábula. O pensamento vem quando ele quer, igual à fome. Se tenho uma vida que contribui com criatividade, cultura, bons alimentos, bons livros e bons filmes, isso só pode resultar em produção criativa.
Veja as empresas mais criativas: entenderam isso e promovem o bem-estar no ambiente de trabalho — que deve ser uma extensão da casa —, em ambientes mais despojados, como o Google e outras empresas de tecnologia. Sabem como o ambiente influencia diretamente na criatividade.
Outro ponto fundamental no aprimoramento pessoal é saber se impor. Na clínica de reabilitação falam uma verdade: quando sentem fraqueza em você, as pessoas montam.
Não gosto de glamourizar o adicto dizendo que ele tem um brilho a mais, mas certamente ele tem um ego elevado. E, por isso, um ambiente só de adicto é onde os fracos não têm vez. É comum eles dizerem que irão “matar certa situação na unha”.
E isso é importante. Mostra firmeza, para não montarem em você. Assertividade — mas com educação. Ser duro, mas sem perder a ternura. Fazer-se respeitado.
Tratar as pessoas como elas merecem. E todas merecem ser tratadas com dignidade, especialmente os mais humildes. Porém, como trabalho com o público, se alguém chega dando carteirada, essa pessoa eu tenho que “matar na unha”, colocá-la em seu devido lugar.
Mas a mudança não é uma mudança de chave, como se muda de 127 para 220 volts. Só funciona com mudança efetiva no componente. No meu caso, é a aquisição de conhecimento técnico e intelectual para dar embasamento, confiança — que é a base de tudo —, saber impor limites com polidez, mas com firmeza. Restabelecer o valor das coisas.
É por isso que sou duro com a garota Enzo, que me chamou de imbecil e assediador sem embasamento.
Essas jovens garotas, nascidas neste século, acham que só têm direitos — e não deveres. A sociedade ensina que o homem deve ser combatido, e elas confundem elogio com assédio.
Essas pessoas têm que ser colocadas no seu devido lugar, para que restabeleçamos os valores das coisas. Nós, que conhecemos saberes milenares, não vamos aceitar carteirada baseada na ignorância.
Então, nelas, eu gosto de exercer minha arrogância e colocá-las em seu devido lugar. Porque elas não irão trasvalorar os valores, subvertendo-os. Então gosto de explicitá-los, dizer as coisas como elas são. E, como Zaratustra, fazer com que o mendigo se alegre da sua riqueza e o rico se envergonhe da sua pobreza… de espírito.
E para isso, eu só sei que irei conseguir me distinguir, no sentido de Bourdieu, se eu der meu máximo. Operar no limite de minhas forças.
Abel Ferreira, técnico pragmático, gosta de dizer que ele não tem obrigação de vitória — mas dá seu melhor em cada partida. E minha partida é a cada dia. Que eu não sei se vou vencer — mas irei dar meu melhor. Porém, fazendo isso, estarei mais perto da vitória,
Também tenho a consciência de que a energia não é ilimitada. Saber o momento de descansar. A importância do sono, de me nutrir bem, manter a energia o mais constante e forte possível.
E saber descansar agindo. Isso só vem com a experiência e a maturidade.
No fim, você pode me bloquear das suas redes sociais…
Mas será também capaz de me bloquear do seu pensamento?
E do seu coração?