Músculo é diferente de gordura, meus amigos. Gordura é tecido adiposo; músculo é tecido muscular. O músculo da barriga só aparece se não houver a barriga, isto é, a gordura.
A definição do abdômen só emerge igual ao pré-sal: há camadas que impedem seu brilho — o mar, a areia… tudo isso simbolicamente repousa sob a gordura e esconde o que está por baixo.
Quem lê meus escritos atuais percebe: há beleza no pensamento. Meu pensamento está mais lúcido, mais claro, sem — digamos — aditivos. A beleza sempre esteve em mim, mas a gordura impedia que as pessoas a vissem.
A beleza está em mim, e eu ainda tenho muito a mostrar, assim que conseguir eliminar todos os resíduos que impedem que ela apareça.
Os marombas têm um mantra: a vida começa quando a zona de conforto termina. Ora, isso é mentira e hipocrisia. Para eles, treinar, levantar peso igual a um burro de carga, é a zona de conforto. Eles treinam para ficar bonitos pelados — e normalmente só conseguem ficar bonitos pelados.
O instrutor da academia, um marombeiro de carteirinha, empresário e vaidoso, hoje usava uma camiseta maior, diferente da regata equivalente a um fio dental que costuma usar. Resultado: uma protuberância feia na barriga, incompatível com alguém tão musculoso. Isso acaba com qualquer simetria.
Meu objetivo é sim ficar bonito pelado — mas exibi-la só pra mim mesmo, ou pra quem merece. E garantir que, vestido, eu serei ainda mais bonito. Porque a beleza, tanto nu quanto vestido, será sempre ressaltada pelo meu conteúdo.
Gosto da ideia de ser underdog, como na música do Kasabian. O movimento que tento reinterpretar à minha maneira — o dandismo inglês — é o bom gosto como postura diante da vida, da beleza, do belo. Uma vida elegante e invulgar.
Bom gosto não se ensina. Ele é independente de dinheiro ou nascimento. Como o dândi mais famoso, inglês, Brummel. A Inglaterra é o país do dandismo.
Pete Doherty, dos Libertines, apesar do abuso de drogas, tinha elegância e estilo. Quando eu assinava a Bizz, ele foi eleito o artista mais estiloso. Não à toa, namorava a modelo britânica Kate Moss, que atuou naquele belo clipe dos White Stripes, I Just Don’t Know What to Do with Myself.
Foi um relacionamento conturbado, de más influências, que não podia dar certo. É triste vê-la em algumas imagens, completamente alterada. Mas elegância vai além das roupas: está no modo de vida, no jeito de falar, escrever, lidar com as mulheres.
Como já ensinei: mulher se trata com a delicadeza de quem analisa a estrutura de uma bolha de sabão. Quem lê meu conteúdo no Recanto, minhas palavras, gestos, ações e a qualidade visual da minha página, constata: há elegância.
Muitos marombeiros falam em body builder, mas ninguém fala sobre brain builder. Nada adianta um cérebro bem construído num corpo doente — mas igualmente, nada vale um corpo sadio com um cérebro doente. E isso é quase incompatível.
Minha rixa com médicos não é leviana. Não apenas por minha área de atuação atual, pelo fato da pessoa que amo e seu círculo de amizades, mas pela categoria que representam. A biologia é um saber importantíssimo, de onde derivam conceitos relevantes até para administração e sociologia.
O meme, de Dawkins, explica a tendência de copiar. A homeostase. A osmose. A entropia. O corpo é a casa da razão e do pensamento. Quanto melhor se cuida dele, mais claro e lúcido será o pensamento.
E os médicos, que têm conhecimento em biologia, anatomia, fisiologia, farmacologia — não cuidam da porra do próprio corpo! Casa de ferreiro, espeto de pau. Esse conhecimento do corpo poderia muito bem ser usado… para o prazer também. Sei lá.
Eu queria ter mais tempo. Que o dia tivesse 48 horas. Queria ver mais filmes, ler mais, escrever tanto. Não me faltam ideias e conteúdo. Me falta tempo.
Não abandonei o Fodacast. Tenho episódios novos, profundos. O detonado da série “Adolescência”. Ainda assim, tempo não há. Quem diz que meu trabalho é tranquilo porque escrevo, não entende: eu produzo tempo onde ele não existe. Sou um mago do tempo. Sempre há tempo para o que a gente ama.
E eu trabalho. Trabalho pra caralho.
Não gosto de ficar parado. Ficar parado é minha zona de conforto. Ver filminhos, ler, jogos na TV, videogame… é uma armadilha. Por isso tento me movimentar o máximo ao longo do dia, sempre fazendo algo, contrariando minha tendência.
Não por medo de que cabeça vazia é oficina do diabo — mas sim por medo da estagnação. A cabeça vazia é oficina do diabo, mas também do divino. Só que é preciso saber usá-la.