EU SOU FODA E HUMILDE PRA CARALHO
A verdadeira humildade vem da potência
Este título meio cômico, meio paradoxal, reflete a realidade muito bem: não adianta ser humilde sendo um merda. É bom ser humilde mesmo sendo foda pra caralho.
Eu brincava dizendo que reconheço minhas deficiências a todo momento, por isso sou tão foda.
Vontade de potência: a força que move
Ser foda tem a ver com a vontade de potência, com a ambição de sempre produzir mais potência. É uma escalada.
Mas também, no ser humano, há a força contrária: o instinto de morte, que também quer se escalar.
Quando uma é preponderante, temos ou vontade de vida e potência que produz cada vez mais vida e potência, ou um caminho vicioso que dirige para a morte.
A matemática da evolução
A potência produz sempre mais potência. Por isso, quanto mais eu produzo potência, mais sou capaz de produzi-la.
Isto é, cada vez que leio, escrevo, exerço o pensamento, mais sou capaz de pensar e produzir. Quanto mais me exercito fisicamente, mais sou capaz de me exercitar, de treinar. Quanto mais músculo e energia eu tenho, mais sou capaz de produzir músculo e me definir. E quanto mais inteligência eu tenho, mais sou capaz de ficar inteligente.
Mas a lógica inversa também é verdadeira.
O círculo virtuoso da vida
O círculo virtuoso é incomensurável. Por exemplo, eu não sei quanto tempo vai demorar para o meu projeto de definir o abdômen até que emerja o six pack como um Pokémon lendário ou shiny (aqueles de cores diferentes ou difíceis de encontrar e capturar).
Pode ser três semanas, três meses, três anos ou até dez, como o menino do vídeo do Instagram que compartilhei. Mas quanto mais forte for meu hábito e consistência, mais inevitável será alcançar meu objetivo.
Semear antes de colher
Há tempo de semear e colher.
Eu disse ao meu amigo que não posso me permitir viajar e descansar antes de alcançar meus objetivos e metas. Ele disse que é assim que se fala.
Fui convidado até para conhecer outras cidades, passar um final de semana com alguém especial, mas como nada vem de graça, a proposta era como chirrin chirrion do Diabo do Chapolin — um pacto. Ela disse que, por mim, terminaria o relacionamento atual, mas que eu teria que esquecer a Double N.
Ora, como se eu fosse livre para fazê-lo ou deixar de estar doente. Porém, fiquei lisonjeado e, por consideração a ela, nada mais justo que ela seja a primeira — ou uma das primeiras — a ver pessoalmente, sentir pessoalmente, quando eu finalmente alcançar meu projeto físico.
E o prazer que ela me dá com sua presença, eu retribuirei presencialmente, psicologicamente e fisicamente.
Inspiração e reconhecimento verdadeiro
Meu colega de trabalho, mesmo eu tendo menos de um ano de ofício, diz que em muitas coisas em seu trabalho se inspira em mim.
Ora, esse tipo de elogio de alguém competente como ele, não há remuneração que pague.
Ser foda é reconhecer inclusive nossos defeitos, exaltar a qualidade dos outros e aprender com eles e conosco, sem dúvidas.
A filosofia do autoconhecimento
O principal para ser foda e humilde é a fidelidade a você mesmo.
Dois dos conselhos mais antigos da filosofia, presentes no templo do Oráculo de Delfos, são: “Conhece-te a ti mesmo” e “Só sei que nada sei”.
Isso significa exercer a vontade de potência do conhecimento, sempre considerando que nada se sabe e conhecendo a sua individualidade.
Estilo próprio desde sempre
No meu trabalho, aos 19 anos, havia meu amigo Michel Teló — apelidado assim por parecer o cantor — que entrou junto comigo.
Eu disse a ele que vi uma vez uma blusa muito louca que eu precisava comprar. Quando finalizei a compra, mostrei a blusa para ele. Ele deu risada, porque achou que devia ser um capote bem louco, um jaquetão estiloso desses da Oakley da maloca.
Mas era simplesmente um cardigan de uma alfaiataria da Lapa.
Ora, para mim, o louco é isso: é meu estilo desde sempre e o que condiz com a minha individualidade e elegância.
Ainda assim, ele exaltou minha personalidade, dizendo que eu era foda.
Sim, eu sou foda e humilde pra caralho, Teló.
