Onde minha sombra toca nunca mais faz sol.

Sombra que Transforma

Essa frase do título é uma paráfrase de um poema de Leminski chamado Transpenumbra. Transpondo a transpenumbra dessa sociedade transmoderna para o meu caso pessoal, o poema significa — em poucas outras e curtas palavras — que eu mexo com as pessoas. Tudo que minha sombra toca deixa marcas. Ou não faz mais sol.

Quer dizer: nada do que era antigamente é depois de mim.

Antes e depois de David.

Ou gero admiração, ou — ainda mais comumente — inveja, recalque. No entanto, pode acontecer também de ser amor. Ou pior: um amor platônico. E por não ser correspondido, a pessoa resente — e o que era amor se torna despeito. Ou ódio, que é mais fiel que o amor.

O Amor que Não Vira Ódio

Eu sei lidar com isso.

E também sou suscetível a pessoas cuja sombra, ao passar, faz com que nada mais seja o mesmo — como a pessoa que julguei amar.

Porém, a diferença é que eu não me resinto com o alvo do meu amor, transformando em ódio por ser repelido. Tampouco me resigno, como no romance epistolar de Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther. Nele, Werther aceita passivamente o namorado de seu amor, Lotte, por ele ser um bom parceiro para ela, até superior a ele.

Mas eu transformaria a dor da rejeição em força de vontade, para que o pretendente que ela arrumar não seja melhor do que eu em nenhum sentido.

A Força da Rejeição

Em termos de cultura, erudição, inteligência, humor e elegância — será difícil, quase impossível, convenhamos, com o caminho que já persegui até aqui. Mas ainda aprimoro o que falta, o que não nasceu comigo inatamente, como beleza e esplendor físico pelado.

Porque vestido eu já sou bonito.

Mas quero ficar bonito pelado.

Na academia que frequento, podem até ter alguém mais forte do que eu. Mas com mais força de vontade, nunca.

De segunda a segunda, cuidando da alimentação, procurando informações técnicas para melhor desempenho, usando informação e tecnologia para me auxiliar. Cujo resultado não é ser apenas mais um da academia.

Contra a Doutrina da Mediocridade

Essa doutrina e ética da mediocridade — eu não me conformo.

Eu quero ser destaque. Se não pelos músculos, pelo atleticismo. E, quem sabe, ser o mais atlético e definido.

Porque o mais focado? Já é difícil alguém me superar, viu.

A Obra de Arte Incomparável

E é assim que meu amor rechaçado não se torna ressentimento, mas força de vontade para superar qualquer um que ela sonhe se relacionar. E, ao se contrastar eu com seu parceiro, ele soe banal.

Essa ética da criação de mim como obra de arte vale para qualquer mulher, qualquer parceira. Em comparação a mim, que nunca seja rejeitado — ou, se for a opção em detrimento de outro, que ele pareça banal e ridículo em contraste com o que sou e com o que ainda irei me tornar.

A Vontade de Ser Gigante

Não pode faltar confiança.

Porque força de vontade não me falta.