Como desistir de um grande amor

Não é fácil tomar essa decisão. Mas às vezes, um amor só se faz presente na ausência — e isso, infelizmente, nos impede de viver o momento, o instante.

É com muito pesar que estou desistindo oficialmente de quem amo. Faço isso pelo bem da minha vida no presente, pelas experiências que ainda posso viver, pois estar amarrado a alguém que não está presente me impede de seguir.

É contraproducente exibir um amor por alguém que não faz qualquer questão de estar comigo — nem como amiga — em detrimento de outras pessoas que estão ao meu lado, que se fazem presentes.

Este é meu último texto neste espaço sobre o amor que sinto por ela.

Assim como parei com os entorpecentes, como tive força de vontade para abandonar refrigerante, chocolate e besteiras, e passei a me alimentar apenas com comida saudável, boas proteínas e carboidratos integrais… Da mesma forma como cuido de mim com rigor, como exibo minha evolução com elegância, como treino de segunda a segunda — só me permitindo dormir mais tarde às sextas-feiras e, talvez, aos sábados — mas ainda assim mantendo minha rotina rigorosa…

É com essa mesma força que escolho abandonar quem amo. Em benefício de mim mesmo. Para viver um amor real, verdadeiro — e não mais uma sombra.

O amor-próprio também é sobre saber se valorizar. Se eu não faço caridade afetiva, também não posso mendigar afeto.

Percebi isso — infelizmente — com um delay de oito anos.

Mas estou de cabeça erguida, com a espinha ereta, porque sei que fiz tudo que estava ao meu alcance para me reaproximar de quem amo. Contra o destino, como diria Fernando Pessoa, cumpri o meu dever. E não foi em vão – inutilmente – porque eu o cumpri.

Se, nesse tempo, decepcionei alguém que se interessou por mim, peço desculpas — e talvez uma segunda chance.

Mas saibam: isso não é um adeus. Se um dia ela me procurar, eu a aceito no mesmo instante. Abandono tudo — até esses projetos que hoje parecem tão grandes — para viver a vida dela em detrimento da minha, só para estar junto.

O que mudou é que, a partir deste momento, decido não falar mais uma vírgula sobre esse amor. Não correrei atrás. Não entrarei em contato. Nada.

Mas se for o contrário, se partir dela o reencontro… eu aceito. Porque de mim, não vai mais partir.