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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

A Briga do Homem Contra a Genética e sua Natureza Selvagem

 

A luta contra a natureza

No macro e no micro, a grande batalha do homem é contra a natureza selvagem e seus instintos mais primordiais, sua herança genética.

 

Desde o grande terremoto de Lisboa — que é narrado em Cândido, ou o Otimismo, de Voltaire —, o homem compreendeu, através da ciência, que a natureza não era necessariamente boa, nem fruto de uma intervenção divina, mas sim algo a ser compreendido e combatido.

 

A partir desse entendimento, aprendemos a prever grandes catástrofes e a moldar a natureza à nossa imagem. Amsterdam, por exemplo, é uma cidade construída sobre a água, um projeto arquitetônico monumental que desafia as forças naturais. Já Tóquio, situada em uma ilha cercada por águas e altamente suscetível a terremotos e tsunamis, também se tornou um símbolo de resistência e adaptação.

 

A ciência como milagre moderno

Se no passado a fé prometia milagres, hoje é a ciência que os opera.

 

Com as células-tronco, aprendemos a regenerar tecidos, a devolver o movimento a pessoas que haviam perdido a esperança, a desafiar os limites impostos pelo corpo. O que antes parecia impossível tornou-se realidade, e talvez, um dia, possamos até alcançar a imortalidade, preservando nossas memórias e morrendo apenas quando e se quisermos.

 

Minha batalha pessoal contra a genética

E no micro, veja meu caso pessoal.

 

Eu brigo contra meus instintos, minha natureza selvagem e minha genética a todo momento. Tento ser inteligente mesmo tendo nascido de pais medianos. Tento ser bonito mesmo tendo nascido feio. Tento esculpir um corpo atlético e definido, apesar da tendência genética ao acúmulo de gordura localizada no abdômen.

 

Mas, com treino intenso, consistência e dedicação, luto para eliminar essa herança e transformá-la em músculo. Aplico produtos no cabelo para evitar a queda hereditária e estimular o crescimento onde não há.

 

É um combate constante contra minha própria biologia, contra os impulsos primitivos que buscam satisfação imediata na dopamina fácil de drogas, jogos, sexo sem compromisso, doces e alimentos calóricos.

 

A força de vontade como arma

Eu lhes ensino, meus irmãos, a força de vontade, a consistência e a aquisição de bons hábitos como armas para lutar contra a genética, a natureza e tudo o que representa o mal — território do maligno, do diabo.

 

Não prego a disciplina como domesticação da força do homem, como um meio de condicioná-lo socialmente e enfraquecê-lo. Ao contrário, ensino a canalização dos instintos, a sublimação da energia bruta para a criação de si mesmo como uma obra de arte — seja internamente, seja externamente.
 

E o prêmio que você irá obter será proporcional ao tamanho do sacrifício que estiver disposto a fazer por ele.

 

O Sequestro do Nosso Tempo

As instituições tentam sequestrar nosso tempo para si mesmas. No trabalho, por exemplo, eu me desdobrava, fazendo muito mais do que minha remuneração justificava. Era um trabalho de enxugar gelo: eu ligava para pacientes para garantir que não perdessem consultas que eu mesmo havia agendado. Além disso, era quem mais atendia o público e ainda organizava novos agendamentos para eliminar as filas de espera.

 

Enquanto isso, meus colegas ou ficavam de boa, ou demoravam três horas para fazer uma única tarefa, ou simplesmente mandavam mensagens pelo WhatsApp em vez de atender ou ligar. Um serviço operacional, simples para quem tem experiência, e que eu fazia logo que entrei. Agora, imagine se eu não quisesse atender o público e apenas enviasse mensagens – o que diriam? Mas eu fazia tudo isso enquanto meus colegas ganhavam muito mais, saíam mais cedo e faziam menos.

 

Eu gosto de ajudar o próximo. Quase que pagava para trabalhar, apenas pelo propósito de ajudar os outros e manter uma ocupação que me auxilia na vida e na minha recuperação. Mas também não sou tonto. Por isso, foco no que está ao meu alcance: atendo o público da melhor forma possível, garantindo que saiam com seus exames e consultas marcadas, evitando que o tempo seja desperdiçado.

 

Se atentarmos à etimologia da palavra recuperação, vemos que seu significado é simples: recuperar a ação. E é exatamente isso que estou fazendo – agir. Acordar cedo, treinar, ir trabalhar, dormir cansado no fim do dia. Quando começamos a nos embotar, nosso corpo dá sinais de recaída através da apatia, da falta de diligência e até do abandono do próprio cuidado. Paramos de agir e, assim, deixamos de recuperar a ação.


Atenção Plena na Tarefa

Treinar é muito mais fácil do que estudar – basta agir. Mas é preciso evitar misturar treino com elucubração.

 

Hoje, por exemplo, me desconcentrei dos meus afazeres ao me deparar com um texto do Argônio que me fez elaborar uma resposta à altura, desviando-me da minha tarefa principal: treinar.

 

A mente precisa estar focada na atividade que está sendo executada. Se treino, treino. Se estudo ou escrevo, faço isso. Quando a cabeça flutua entre tarefas, você não faz bem nem uma coisa, nem outra.

 

O homem como projeto inacabado

“O homem é algo que deve ser superado.” Nietzsche já nos ensinava isso em Assim Falou Zaratustra.

 

O homem é o sentido da Terra. Qualquer tentativa de transcendência deve ser realizada aqui, neste plano, nesta existência. Não devemos voltar nossa esperança para futuros idealizados e supraterrenos.

 

Criemos nossos próprios valores, não com base no que a sociedade impõe, mas naquilo que favorece nossa vontade de potência, como expressão máxima de nossa existência.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 27/03/2025
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