Um agitador web tem um paralelo com um agitador social—aquele que promove tumulto e inicia confusões. Não sei dizer com precisão se o agitador social tem implicações jurídicas, mas ele geralmente é quem começa o caos. Da mesma forma, o agitador web cria tendências, discussões, memes e novidades para fomentar e animar a internet de modo geral.
Minha relação com a internet vem desde os idos de 2009, quando os blogs estavam em alta. Eu acompanhava o blog do, hoje, influenciador digital e professor de inglês Izzy Nobre, que se chamava Hoje é um Bom Dia—um espaço nerd e de humor. Na mesma onda, existiam outros, como Morróida e Amendoim, que era colírio da Capricho, mas sabia escrever com leveza e humor. Todos tinham conta no Twitter, então resolvi criar meu próprio blog e meu perfil na plataforma.
Comecei com um personagem cômico: The_Creepier, um palhaço bipolar que oscilava entre o otimismo e a melancolia, sempre com um viés humorístico. Ora alegre, ora depressivo, fiz certo sucesso e acumulei mais de 10 mil seguidores, enquanto paralelamente escrevia no blog.
Anos depois, conheci um colega da PUC—aquele que me apresentou à cocaína. Ele continua sendo uma das pessoas mais criativas e engraçadas que já conheci. Sob minha influência, criou um perfil no Twitter chamado vergo_nha e, com sua beleza e humor, fez um grande sucesso, ultrapassando 100 mil seguidores. Inspirado nisso, criei outro perfil, com uma identidade diferente, e como ele me retuitava, ficamos bem conhecidos.
Em conjunto, criamos páginas que ultrapassaram 300 mil seguidores, como Perguntas Yahoo e Frases Transas, onde ambos postávamos. Talvez, se pesquisar essas @ no Twitter, ainda seja possível encontrar vestígios desses perfis.
Paralelamente, criei um perfil de um falso poeta e filósofo chamado Raniely Jr., inspirado no personagem de Um Maluco no Pedaço. No perfil, eu tuitava sem vírgulas ou concordância de propósito, tornando tudo ainda mais cômico. Igual:
“existe pessoas que elas nasce chorando cresce sorrindo nasce fingindo morre chorando vive sofrendo vive fingindo elas" - Ranely Jr.
O primeiro passo para o louco, é ele achar q n é loco, pois o louco, é aquele que só ve nos outros o loco que esta dentro dele" Ranely Jr.
Na época em que essa amizade estava intensa, ele cursava Economia na PUC e eu costumava assistir a muitas aulas com ele. Íamos para a prainha da universidade, fumávamos haxixe e dávamos risada. Foi nesse período que me converti do progressismo humanista de esquerda para um pensamento mais liberal e conservador, à la David Hume.
Aderi ao ceticismo como postura intelectual de vida, influenciado por Hume e Montaigne. Mais tarde, mergulhei na filosofia de Nietzsche, me tornei um admirador de Deleuze e Foucault e fui fortemente influenciado pela epistemologia francesa.
Como havia me tornado um capitalista convicto, criei um perfil parodiando uma professora de extrema esquerda, inspirada na Marilena Chaui, mas fã de Trotsky, Lenin e Che Guevara—um estereótipo feminista radical. Para dar o tom certo, tuitava sempre em caps lock:
“ALGUMAS DISCUSSÕES DE CLASSE VOCÊS NÃO VÃO SUSCITAR SOZINHOS, SEUS IDIOTAS!”
Agressividade, caixa alta e ausência de pontuação eram a marca registrada do perfil.
Refletindo agora sobre tudo isso, começo a pensar: será que Sir Mitômano não é, na verdade, um comediante genial? Ele também é um agitador web, assim como eu fui.
E só agora estou entendendo melhor a dinâmica do Recanto das Letras. Aqui, também sou um agitador web: promovo discussões, debates, melhorias e até rixas. Crio podcasts, um blog visual, desenvolvo meu look—tudo em prol da criação.
A estratégia é quase a mesma de um marketeiro. Quem trabalha com propaganda e marketing precisa dominar a linguagem e ter criatividade. Não à toa, Paulo Leminski ganhou mais dinheiro como publicitário na iniciativa privada do que como professor, escritor ou poeta.
Já eu? Não ganho nada. Apenas some fun. Faço isso para proteger e entreter.
Minha última criação foi o Fodacast, um podcast de sacanagem sem vulgaridade. Você já escutou? No episódio de estreia, falo sobre a linguagem do sexo.
Se ainda não ouviu, está esperando o quê?
ESCUTE AQUI: 🔗FODACAST - Ep. 1 - Linguagem do Sexo
Além disso, aproveite para escutar o meu primeiro podcast oficial não autorizado do Recanto das Letras, o Podletras. Comece pelo último episódio, onde discuto o Caso Vitória.
PODCAST: Recanto das Letras - EP. 4: “CASO VITÓRIA”
Analisado sob a ótica da filosofia, dialogando com Nietzsche e Platão, traçando paralelos com Dostoiévski—tudo isso em menos de 19 minutos.
Enquanto lava a louça ou faz outras coisas, você pode se informar, aprender mais e ainda ouvir minha linda voz.
🔗 https://www.recantodasletras.com.br/audios/mensagens/116184
Se ainda não escutou, clique no link acima ou abaixo. Não deixe de perder.
Perdeu algum episódio?
Que tal maratonar todos? Adquira conhecimento e conteúdo enquanto faz outra coisa—além de escutar minha bela voz.
🎙️ Podcast: Recanto das Letras - EP. 3: “Causos Reais”
🔗 [Ouça aqui] https://www.recantodasletras.com.br/audios/mensagens/116125
🎙️ DEUS ME LIVRE DE SER ÚTIL – Podcast do Recanto
🔗 [Ouça aqui]https://www.recantodasletras.com.br/audios/mensagens/116066
🎙️ O Podcast do Recanto das Letras por Dave le Dave
🔗 [Ouça aqui ] https://www.recantodasletras.com.br/audios/discursos/116057
E, para os sedentos por mais, aqui está o link para todos os áudios publicados. Se não conseguiu chegar ao orgasmo literário pela minha doce voz, essa é sua chance.
Ótimo para quem não gosta ou tem preguiça de ler.