A classe médica nunca me decepciona quando o assunto é mediocridade. Mas agora ultrapassaram todos os limites. Uma autora recém-chegada ao Recanto, que faz questão de colocar no seu perfil que é médica, como se isso fosse uma vocação divina, realmente um chamado para poucos, e não apenas algo que ela foi levada a fazer por herdar a condição financeira dos pais que pagaram os melhores colégios e cursinhos para formar uma profissional apenas medíocre, que pagaram mais de 10 mil reais de mensalidade para manter o status social da família, mas nem sequer teve a capacidade de entrar numa faculdade estadual. A supracitada autora, de 25 anos, mistura emoticons com uma português de quinta série para produzir seus textos, e sua foto está numa escala de 0 até a foto dela de ser fake, que deve ser fruto de inteligência artificial ou, se for realmente ela, deve ter mais filtro que a conta de luz da Enel deve chegar a qualquer hora na casa dela.
Então, apesar disso, resolvi dar as boas-vindas a ela com um comentário espirituoso que dizia o seguinte:
“Se você tiver tanto talento com o bisturi quanto tem para manusear as palavras — ou para exibir sua beleza —, eu gostaria de ter sido operado por você, mesmo que não precisasse de nada, viu? (Isso, claro, se a foto for realmente sua.) Porque, como diz Thomas Mann, a beleza é uma forma de pensamento. E, sem precisar falar ou escrever, você já seria uma filósofa apenas por sua beleza radiante que torna tudo ainda mais belo. Mas, além disso, você ainda soma um raro talento na escrita. Seja bem-vinda! Apareça na minha escrivaninha para uma xícara de café, que eu a receberei com um buquê de flores nas mãos. Também sou seu colega da área da saúde e tenho uma predileção por médicas — ainda mais as bonitas, escritoras e inteligentes como você. Beijos.”
E ela respondeu meu comentário dizendo:
“Dave Le Dave Ii, às vezes fico em dúvida se aqui é um recanto de poesias ou de cantadas como a sua. Você está bloqueado por mim. Me senti ofendida com suas palavras. Jamais irei à sua escrivaninha. O respeito é uma das atitudes que mais enlevo.”
Realmente, foi um desrespeito meu comentário inteligente para a mente limitada dela, né? Com esse tom de cabelo loiro golpista que vai nas manifestações pro Bolsonaro.
Mas o mais incrível é que, enquanto ela me preteriu, está flertando com um coroa tiozão da Sukita, por quem ela diz está “apaixonada” 🤢🤮, mas cujos versos não refletem sua idade avançada porque parecem de aluno de quinta série, e seu pau deve ter a mesma força da sua poesia, já não levanta mais. Ora, não é um site de literatura? Mas os medíocres se entendem entre si!
Mas tenho que admitir que a abordagem do doutor, que a levou a se apaixonar, foi mais respeitosa e espirituosa. Ao mesmo tempo em que analisou o poema dela, ressaltou sua beleza física e sua qualidade como escritora—algo que eu não fiz. Como mostram os comentários abaixo:
“Poesia muito bem escrita. Gostei. Aguardo sua visita. Abraço.”
Ou ainda o mais genial:
“Bela frase e pensamento, poetisa.”
Ou então:
“Maravilhosa poesia, cara poetisa! Tens o dom da escrita. Aplausos a ti. 😘”
Sim, de fato, o meu foi uma cantada barata, né? Quando eu digo que médico carece de espírito, não estou brincando.
Ou talvez ela tenha, ainda, um complexo de Édipo, buscando na figura do homem barriguro mais velho a representação do pai, o castração do pai pela filha que falava Freud.
E sua foto do coroa barrigudo de perfil reflete seu desleixo e desrespeito com o público, pois nem coloca uma camisa ou camiseta para manter a liturgia de alguém que escreve. Mas a autora, com sua espiritualidade de médica, se diz apaixonada por ele e faz interações, apesar da diferença de idade de quase uns 50 anos. Certamente, Nabokov está sorrindo no túmulo, ou Lewis Carroll, com esse romance exótico.
Eu não sei por que insisto em elogiar e interagir, ter esperança com médicos. Eu devo procurar alguém da minha estirpe.