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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

A “LACRAÇÃO” CHEGOU AO RECANTO DAS LETRAS?

 

O QUE É LACRAÇÃO?

O termo “lacração” surgiu na internet como uma forma pejorativa de se referir a pessoas, geralmente de viés progressista, que fazem declarações performáticas com o objetivo de ganhar aplausos e aprovação imediata. “Lacrar” nesse contexto significa encerrar um debate com um argumento que soa definitivo, impactante e moralmente superior, muitas vezes reduzindo questões complexas a frases de efeito.

 

Embora possa ser uma ferramenta para levantar pautas importantes, a cultura da lacração é frequentemente criticada por incentivar superficialidade, intolerância ao contraditório e uma busca constante por validação instantânea. Além disso, há quem enxergue nela um meio de autopromoção e um risco ao debate público, pois desestimula reflexões mais profundas.

 

SÓ A ESQUERDA LACRA?

Mas será que esse fenômeno é exclusivo da esquerda progressista? Será que os conservadores e a direita, inclusive aqui no Recanto das Letras, não fazem exatamente o mesmo? Muitos atacam símbolos progressistas como a cultura woke, reduzindo-a a uma caricatura demonizada, rotulando-a como “serpente do mal” e ridicularizando qualquer um que defenda pautas sociais. Jogam todos no mesmo balaio por conta de alguns desvirtuamentos do politicamente correto, como a linguagem neutra e questões de gênero.

 

E não para por aí. Culpam um único cidadão-símbolo da esquerda por todos os problemas da educação brasileira, atribuem à esquerda a responsabilidade por deixar os cidadãos “mal acostumados” com benefícios sociais — sem ao menos se aprofundar na discussão. No lugar de argumentos sólidos, destilam ódio e preconceito, sem oferecer soluções concretas, já que a única alternativa que lhes resta, a iniciativa privada, não pode ser contestada.

 

A LACRAÇÃO NA MÍDIA

E na mídia? Será que não existe uma “lacração” voltada ao público conservador? O que mais se vê são programas policiais como os de Datena, onde delegados e promotores públicos buscam autopromoção em meio à desgraça alheia. Em São Paulo, um exemplo notório é o delegado Olim. Antes, sua atuação era no futebol, onde chegou a liderar a arbitragem, mas talvez cansado da baixa repercussão, decidiu se lançar no circo midiático. Primeiro, encontrou espaço nos programas de Datena, onde adorava uma câmera ao vivo. Agora, sua nova obsessão são os problemas da saúde pública, sempre com um discurso falso moralista e soluções simplistas para problemas estruturais.

 

Enquanto foca sua atenção em espetáculos televisivos, desconsidera o que realmente importa na saúde pública: a falta de verba, de profissionais, de estrutura. O discurso da lacração reacionária, afinal, é sempre o mesmo — oferecer soluções mágicas para problemas complexos, sem tocar na raiz da questão.

 

A LACRAÇÃO NO RECANTO

E no Recanto das Letras? Não seria diferente. Aqui, vemos a prática de ataques ad hominem contra os autores, ignorando as ideias e focando nas pessoas. E, quando resolvem debater o conteúdo, se atêm ao banal, ridicularizando e transformando qualquer tentativa de reflexão em escárnio, sem embasamento.

 

UM ESPELHO DE NÓS MESMOS

 

A lacração, seja progressista ou conservadora, tem um traço em comum: a superficialidade. Seja vestindo a máscara do politicamente correto ou do falso moralismo reacionário, o objetivo nunca é o debate, mas a autopromoção e a validação instantânea. No final, o que vemos é um espelho da própria sociedade, onde a ânsia por reconhecimento substitui a vontade genuína de compreender o outro. E assim seguimos, entre lacradores de esquerda e de direita, gritando certezas absolutas em um mundo que exige cada vez mais dúvidas.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 14/03/2025
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