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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

As Bolhas Sociais: Assédio e Exclusão!

 

Seitas, Grupos e Bolhas

Os grupos sociais e as seitas místicas existem desde tempos imemoriais: Rosa-Cruz, Templários, Maçonaria, Skull and Bones… E, claro, a grande seita do Recanto das Letras, onde reina o lema “le que eu te leio, comenta que eu te comento”, um pacto silencioso de troca de favores literários. Esse fenômeno, porém, não se restringe à literatura – ele se estende a todas as esferas sociais.

 

Cada bolha tem suas regras, suas expressões próprias, seus rituais de premiação para aqueles que alcançam os objetivos do grupo. Há um sistema de entradas e saídas bem definido, onde corporações e coletivos atuam como guardiões do território, zelando para que a ordem interna não seja ameaçada.

 

O Camelo de Nietzsche e Minha Bolha

A pessoa que amei, tempos atrás, me acusou de viver em uma bolha. Na época, eu estava isolado, na fase do camelo de Nietzsche, retirado na minha própria Montanha Mágica – como Hans Castorp, acumulando aprendizados, estudando, adquirindo conhecimento. Seguia o mesmo caminho que levou Zaratustra a se refugiar na floresta: o silêncio e a solidão como vias para a criação do novo.

 

Mas, paradoxalmente, enquanto ela me acusava disso, não percebia a própria bolha em que vivia. Sempre cercada pelo mesmo ciclo social, dentro de um meio impermeável à entrada de novas vozes.

 

O Bloqueio Como Assédio Moral

Veja o que aconteceu comigo. Como profissional da área da saúde, interagi educadamente com uma pessoa que também pertence a esse meio. Fiz comentários pertinentes sobre o tema, trazendo reflexões espirituosas sobre cultura e arte. O resultado? Fui bloqueado.

 

E então percebi o óbvio: eu não cometi assédio. Mas as pessoas tendem a associar a palavra assédioapenas ao assédio sexual, ignorando que a forma mais comum desse fenômeno é, na verdade, o assédio moral – uma violência psicológica sistemática e prolongada, com o objetivo de humilhar ou excluir alguém de um determinado contexto.

 

Na esfera profissional, o assédio moral acontece quando uma pessoa é silenciada, marginalizada ou desacreditada dentro do seu próprio meio. Foi exatamente o que ocorreu. Eu, um profissional da saúde, interagi com outra profissional da saúde em seu perfil público – um espaço criado justamente para discutir saúde. Mas, ao me bloquear repetidamente, ela não apenas me excluiu da discussão, mas deslegitimou minha opinião, não por falta de conhecimento, mas para proteger sua bolha.

 

O Grunhido dos Macacos Virtuais

A ironia é que essa profissional tem mais de mil seguidores. Desses, quantos, de fato, contribuíram com o debate que ela propôs? Aposto que nenhum. Na verdade, o que acontece nesses círculos fechados é um ritual de adoração digital: os médicos reagem rudimentarmente da única forma que sabem se expressar, como os macacos de 2001: Uma Odisseia no Espaço.

 

Só que, no contexto da internet, os grunhidos e gestos primitivos foram substituídos por emoticons:

 

❤️🥰💪😘😍

 

E isso basta. O próprio Zuckerberg está perdendo a chance de aprimorar essa linguagem tribal – se um dia permitir reações por áudio ou imagens, os stories terão ainda mais engajamentos, ainda que animalescos e primitivos.

 

Escolhas Pessoais vs. Escolhas Políticas

É perfeitamente compreensível que alguém busque conforto, uma vida esterilizada do sofrimento. Mas negar a existência do sofrimento é alienação. E impedir o debate público sobre isso é intolerância e ignorância.

 

Se uma pessoa decide não comprar um celular caro para, em vez disso, investir em um carro e evitar o transporte público, isso é uma escolha pessoal. Não interfere na vida de ninguém. Mas quando decisões individuais ultrapassam essa esfera e se tornam ações corporativas para proteger uma bolha, aí estamos falando de algo diferente.

 

Os rituais de entrada nesses grupos – sejam trotes universitários ou práticas que remetem a seitas ocultistas – não são apenas tradições inofensivas. Eles servem para excluir, selecionar e blindar um espaço contra “os de fora”. Nesse ponto, já não se trata de uma simples busca por conforto, mas sim de ressentimento e de uma escolha política.

 

Entre a Mediocridade e a Grandeza

Minha escolha foi diferente. Não quis o conforto de um cargo público nem de um emprego bem remunerado a serviço do capital. Se for para ser rico, quero ser rico de verdade – não apenas classe média proletária, como os médicos que, embora assalariados e mornos, são considerados “ricos” no Brasil.

 

Se eu for rico, quero ostentar. Mas não uma ostentação vazia – quero ser um capitalista artístico.

 

Ainda assim, sei que dinheiro e bens materiais se perdem se não há bom gosto para desfrutá-los.Uma vida sem arte é vazia. Sem cultura, literatura, cinema, música, esportes – o que sobra? Para mim, o verdadeiro luxo é o cultivo de si mesmo. São essas paixões que representam a verdadeira riqueza da humanidade, muito mais do que qualquer bem material.

 

A Minha Bolha É Intransponível

Não me interessa entrar na bolha de médicos medíocres – como essa doutora que tentou ser influencer fitness, fracassou e agora se voltou para a área da saúde. Tomara que tenha mais sorte dessa vez.

 

Tenho minha própria bolha, a bolha da criação de mim mesmo como obra de arte. E essa bolha não será furada por qualquer um. A única pessoa que poderá atravessá-la será alguém especial. A minha parte que falta.

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 14/03/2025
Alterado em 14/03/2025
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