Tem um perfil daquela doutora, amiga da pessoa que amo, que é aberto, e eu acompanho só para ter notícias sobre ela. Vi alguns stories e não pude deixar de comentar em alguns. Enquanto, nas fotos dela, ela permite comentários como:
“Maravilhosa ❤️❤️❤️
Que sorriso lindo de
mais e único maravilhoso já fizeram o pedido
merece em❤️ ❤️❤️”
Sim, desse jeito, literalmente. Sem pontuação, sem nada. De modo neandertal. Se fosse uma mensagem de um ser humano, por mais simples que fosse, pelo menos faria sentido. E Ficaria dessa forma:
“Maravilhosa ❤️ ❤️❤️
“Que sorriso lindo, demais e único, maravilhoso, já fizeram o pedido? Merece, hein ❤️❤️❤️.”
Eu comentei em duas publicações. Em uma delas, não me aguentei porque a vi participando de uma aula de nefrologia pediátrica, e como trabalho na área da saúde, comentei:
“Nefro no SUS é muito concorrido, muita procura e poucos profissionais. Na verdade, nem há um específico para crianças. Essa é nova pra mim. Bom saber.”
Embora ela trabalhe na área da saúde, duvido que alguém tenha feito um comentário tão pertinente, que colaborasse tanto com o tema e que tivesse mais de três palavras e emoticons.
E completei:
“Quer dizer, ele deve ser bom mesmo e um profissional raro, porque é um especialista de uma especialidade e ainda é professor. Rs.”
Duvido que algum dos milhares de seguidores tenha contribuído com algo tão relevante sobre a foto dela como eu. Em anos de publicações, ninguém teve esse entendimento de um simples registro. Aliás, meu outro comentário, sem dúvidas, foi o melhor já feito na página dela, quando disse que não sabia que a Vênus de Milo, de Praxíteles, tinha assumido forma humana e saído por aí vestida de roxo.
O próximo comentário, que me levou ao bloqueio, foi em uma conferência na Frei Caneca. Brinquei:
“Já que está na Frei Caneca, recomendo uma sessão de cinema no Itaú Cultural, no shopping Frei Caneca, e quem sabe uma aula grátis na Escola de Atores Wolf Maya. Rsrs.”
Uma dica cultural, ao mesmo tempo espirituosa e uma piada, que me levou ao bloqueio.
Quando digo que a classe médica é de poucas letras, composta por uma elite — sim, financeira, mas intelectualmente medíocre —, é por causa dessas moças. Não assediei. O perfil dela é público, ou seja, está lá para quem quiser ver. Ela quer ser influenciadora, mas quando alguém interage com um comentário espirituoso, considera um insulto e bloqueia.
Embora eu não siga ninguém, pelo teor dos meus comentários, é óbvio que não sou um assediador ou um bot. Pelo contrário, pela foto e pelo tom dos comentários, dá para perceber que sou alguém distinto. Mas, pelo visto, ela regrediu à linguagem dos macacos e só entende frases com menos de cinco palavras e emoticons. Vai ver é por isso que nem sabe usar um vocativo.
E a maioria dos médicos que estão se formando é desse nível. Se o pensamento é constituído de linguagem, qual é a qualidade do pensamento de uma pessoa que não sabe enxergar o valor de uma mensagem verdadeira? Como ela vai fazer um diagnóstico? Como poderá ser uma boa médica?
Não nego que ela possa ter um bom coração, gostar de crianças, ter até vocação. Mas é preciso talento, ser do ramo. E o pensamento dessa mulher é intolerante e estreito. Vive numa bolha.
É triste ver no que se tornou a classe médica. Talvez eles ajam como um general franquista que, ao ouvir falar em cultura, sacava o revólver. Mas, no caso dela — ou deles —, se veem alguém culto ou espirituoso, alguém diferente da mediocridade que sua classe representa, simplesmente bloqueiam!