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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

O que faz uma MULHER ser uma PUTA!

 

Vocação Mais Antiga do Mundo?

Pondé, com seu estilo provocador, gosta de dizer que a prostituição não é a profissão mais antiga do mundo, mas sim a vocação mais antiga. Como se toda mulher tivesse, em essência, um chamado para sê-lo. Algo semelhante ao que dizia Nelson Rodrigues, ao afirmar que “toda mulher gosta de apanhar, só as histéricas que não”.

 

Mas o que define, de fato, uma “puta”? Ela não é, necessariamente, a mulher que vende o próprio corpo em troca de dinheiro, seja para sobreviver, manter um vício, por prazer ou até mesmo por ascensão social. Tampouco é a mulher promíscua, que tem múltiplos parceiros sem compromisso, ou a casada que mantém um amante.

 

O Arquétipo da Mãe e da Puta

No filme A Mãe e a Puta (La Maman et la Putain, 1973), de Jean Eustache, protagonizado por Jean-Pierre Léaud, vemos um personagem masculino oscilando entre dois arquétipos femininos: a mãe e a puta. A mãe é aquela que se ama, mas por quem não se sente desejo físico. A puta, por outro lado, é aquela por quem se sente desejo físico, mas que não se ama.

 

No entanto, há uma dialética mágica no sexo. No ápice do prazer, um homem pode olhar para a mulher que mais ama e chamá-la de “sua puta” — não como ofensa, mas como um símbolo do êxtase do momento. Ela não se sente desvalorizada, pois sabe que continua sendo sagrada. A linguagem do desejo não exige literalidade; assim como um “eu te amo” pode ser um elogio, “minha puta” também pode ser, dentro da gramática do sexo. Nesse jogo entre o sagrado e o profano, a dicotomia desaparece.

 

A Definição Pelo Que Não É

Para definir uma “puta”, vou recorrer a uma argumentação tautológica — ou seja, definir algo pelo que não é. Imagine uma fruteira com bananas e laranjas. Se eu quiser definir o que é uma laranja de maneira tautológica, posso dizer: “Laranjas são as frutas que não são bananas”.

 

Da mesma forma, podemos definir a puta como o equivalente feminino do homem covarde.

 

O Homem Covarde e a Mulher Puta

O homem covarde não é aquele que foge de uma briga contra um adversário mais forte para evitar o perigo, mas sim aquele que se impõe contra os mais fracos, aqueles que não têm como se defender. Ele faz piadas às custas de minorias, exibe valentia apenas contra os vulneráveis, deseja expulsá-los do país. Esconde-se atrás de signos e máscaras — “Deus, Pátria, Família” — como se fossem revelações divinas e mandamentos sagrados. Mas, nos bastidores, agride sua mulher, prega valores cristãos enquanto despreza o próximo, e pode até mesmo esconder perversões inomináveis, como a pedofilia. A covardia se manifesta na violência contra quem não pode revidar.

 

E a mulher puta? Ela é o reflexo dessa covardia no feminino. Uma mulher que age como um homem covarde é, em essência, uma puta.

 

A Puta e a Alienação da Própria Essência

Voltando ao argumento tautológico, a mulher “puta” não é aquela que desafia convenções, mas, paradoxalmente, aquela que se prende a elas. É aquela que preza demasiadamente pela delicadeza, pelo respeito e pelo bom comportamento, a ponto de jamais permitir a si mesma brincadeiras que fogem ao que se espera de uma “dama”.

 

É aquela que aceita ser objetificada ou reificada, e, ao mesmo tempo, não reivindica sua liberdade de agir e se expressar. Ela entra em má-fé, que aceita passivamente a imposição de seus parceiros, que insistem que ela deve ter uma “essência feminina”. Mas que essência é essa, senão uma alienação?

 

A mulher “puta”, nesse sentido, não se dá a si mesma sua própria essência. Ela não constrói sua identidade de acordo com seus desejos, escolhas e caminhos pessoais, mas sim conforme aquilo que lhe é imposto. Aceita que o homem a defina, a use como um objeto, um bibelô, um enfeite para o prazer alheio. Acredita estar no controle, quando, na verdade, é controlada.

 

Submissão Disfarçada de Escolha

Ela se sujeita aos gostos sexuais e fetiches do parceiro, não por desejo, mas por pressão ou falta de vontade própria. Pode até fingir que gosta do jogo, mas, no fundo, está ali por conveniência ou para alimentar joguinhos de ciúmes.

 

A mulher “puta” não se dá o respeito, não diante da sociedade, mas diante de si mesma. Trair não é o problema; o problema é se transformar em um objeto, abrir mão de sua autonomia e se reduzir a um fetiche de anime para satisfazer algum nerd pervertido. Isso, sim, é coisa de puta.

 

Ela aceita apanhar e, pior, internaliza a culpa. Justifica a agressão, passa pano para o agressor, se convence de que mereceu. A mulher sem valores morais se rebaixa para manipular, para provocar ciúmes, sem reconhecer seu próprio valor.

 

E tudo isso… é coisa de puta!

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 09/03/2025
Alterado em 09/03/2025
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