E o “mimimi” no Recanto das Letras continua…

Foi a melhor decisão que já tomei: a de intermediar os comentários e poupar meu recatado público do chorume que recebo. São ofensas da mesma pessoa, o gato se escondendo com o rabo de fora, mas só aquele senhor esotérico que acredita que a rainha da Inglaterra lhe concedeu o título de Sir (talvez por maluquice) escreve com aquele método de pontuação única. Ele consegue violar todos os princípios básicos da gramática, e é aí que reside sua genialidade. O sujeito, por exemplo, separa o verbo com a vírgula: “O falso Sir, falsificava certificados no paint.”

Ou então ele separa os complementos dos objetos diretos com vírgula:

“O Sir comprou um gato, preto.” (Pra cuidar da vida dele e deixar a minha em paz.)

Ou então separa o verbo do complemento 

“O Sir tinha, recalque do escritor de enorme talento do Recanto.”

Ou ainda o advérbio, por sua criatividade que não tem limites:

“O Sir tinha recalque do escritor do Recanto, por ser muito burro.”

Isso quando sua genialidade criativa, como muitas vezes faz numa verve aristocrática, cria uma gramática única e viola tudo de uma vez, num método que talvez possamos chamar de “gramática excêntrica mitômana de um Sir vagabundo que não sabia português.”

Aí ficaria:

“O Sir, tinha, recalque, do escritor do Recanto, por, ser, muito burro.” De uma genialidade tremenda. Ou talvez ele ainda use aquele antigo método de que vírgula é uma pausa na leitura, da tradição de quando os livros eram lidos em voz alta. E talvez ele use esse monte de vírgulas por sofrer de asma. Vai saber.

Mas aí chegamos no mimimi, e como as pessoas estão sensíveis nessa rede. Uma grande amiga de anos vai acreditar num excêntrico desses, que diz que eu mando e-mails me passando por ela, e deixar de interagir aqui comigo. Sem contar que, às vezes, idiossincraticamente, ela deixa de me visitar. Mas tudo bem, eu escrevo muito, e nem sempre há algo para se comentar. Mas achar que eu, com a minha rotina de treino — que cuido da saúde, academia, trabalho, escrevo até nove textos num dia — tenho tempo para ficar mandando e-mail para um vagabundo excêntrico, recalcado e de linguajar rasteiro? Vou deixar de produzir meu conteúdo, criar, cuidar da minha aparência, demonstrar meus sentimentos por quem amo, para ficar me passando por ela ou brincando com usuários do Recanto como se fosse ela? Ela acha que eu tenho tempo para isso? Que sobra tempo para vergonha? Ela acha isso? Ela prefere desacreditar de mim, que já nos conhecemos há tanto tempo, para acreditar na palavra de um maluco que acha que é sir e tem 298 diplomas falsificados no Paint?

Pessoal, por favor, né? Vamos ser menos sensíveis.

Por último, no Dia das Mulheres, eu deixei no grupo essa mensagem aqui:

“A rosa é sem porquê, floresce porque floresce; não exige explicações, não questiona o motivo de sua existência, como diz Angelus Silesius. E a mulher, assim como a rosa, não precisa de razão para ser, floresce porque floresce (embora tenha espinhos que podem machucar). Feliz Dia das Mulheres para todas as mulheres! Bom trabalho a todos que vão trabalhar hoje aí.”

Não teve uma interação e nem um coraçãozinho sequer.

Aí postaram essa foto aqui:

Teve 5 corações e um monte de elogios.

Eu acho que meu erro foi não ter desenhado, né? Ou, de fato, vocês acham mais bonita a mensagem da imagem? Ou minha mensagem foi muito “complexa”? rs 

“A gravura que ilustra a imagem é sepulcro da linguagem.”

Ps. Lembrando aos administradores do Recanto que este é um personagem fictício, até porque só no Recanto há mais de 17 escritores cadastrados com o título de ‘Sir’, ou seja, não é algo original. Portanto, este texto não é específico a ninguém.