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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

APRENDA A PASSAR PANO PARA DITADURA MILITAR

 

A Revolução Democrática e o Heroísmo dos Brilhantes

Você, “reaça”, que embora seja pouco lido, quer se fazer presente no debate público para defender a época de pura nostalgia que foi a Revolução Democrática de 1964, uma revolução militar que, segundo você, pôs ordem na “arruaça” e impediu o avanço dos vermelhinhos. E não estou falando do Chapolin Colorado, mas sim dos comunistas de verdade. Este texto é para você, que vê em Brilhante Ustra uma figura heroica, com sua virilidade e patriotismo que soube “extrair” depoimentos de criminosos terroristas alinhados ao império vermelho. Igualzinho ao que o Jack Bauer fazia em 24 Horas, só que para defender os Estados Unidos, claro. Qual a diferença, não é mesmo?

 

E talvez o grande “êxito” tenha sido o desaparecimento de Rubens Paiva, silenciosamente, e a ocultação do corpo que, por algum motivo, o cinema brasileiro tentou reacender — influenciado pela tal “Escola de Frankfurt” (não precisa entender o que é, só repita isso como bom papagaio que vai dar certo, confia). Aí, para completar, ainda tem a Ancine, que não faz cultura nenhuma, mas só promove a promiscuidade, a identidade de gênero (onde travesti quer usar o banheiro feminino, as drogas, a pedofilia, a zoofilia, o sexo com bonecas infláveis, o coito anal sem vaselina, o aumento de vendas de plugues anais em sex shops, o incentivo à rinha de canários, o aumento nas vendas da revista G Magazine do Vampeta, colocar ketchup na pizza, e outras morbidades e parafilias sociais e morais).

 

A Saudade da “Era de Ouro”

Se só de ler essas atrocidades você já se pegou nostálgico, lembrando com carinho daquele período, “ah, quando decorávamos o Hino da Bandeira: ‘Salve, lindo pendão da esperança, salve, símbolo augusto da paz…’”, e já começa a umedecer os olhos e regiões erógenas, então você se reconhece no líder que personifica a época. Um Bolsonaro, com seu português caipira e cacofônico, e seu ódio visceral pela cultura, igual a um general franquista que, só de ouvir uma menção ao nome “cultura”, sacava o seu revólver. Este texto, com toda certeza, é para você.

 

Revolução e Simplificação: O Jogo da Linguagem

Eu tenho uma preocupação com o tamanho do deste texto, afinal, sabemos que o público a que se destina não consegue ler mais de 50 páginas sem esquecer tudo o que leu até a página 2. Então, me preocupo em ser sucinto.

 

Além disso, você não precisa se dar ao trabalho de estudar ou se aprofundar em nada. Pode ficar tranquilo, tudo já foi definido por intelectuais renomados, de Steve Bannon a… Bem, aquele filósofo, o pornô-filósofo, Olavo (não a perereca, o filósofo mesmo, sabe?). E a primeira coisa que você precisa saber é: se não puder combater pela força do argumento, tente ganhar no grito e na repetição! A direita, com sua sagacidade brilhante, entendeu que a batalha se trava na linguagem, então use-a para subverter os fatos. Mas lembre-se: chame tudo de “narrativa” para descredibilizar a esquerda. Não existem fatos históricos concretos, só narrativas. Não precisa entender o que isso significa, só repita, como bom papagaio. E inverta a história, meu amigo: liberdade significa prisão, paz é guerra, conhecimento é ignorância. Entendeu? Perfeito.

 

Subvertendo a História: A Guerra Fria e o “Herói” Militar

É uma pena que não tenhamos o recurso do desenho para fazer com que esse público entenda o que estamos falando, mas, enfim, a vida é assim, né? Então, vá lá e subverta a narrativa histórica. Diga que naquela época havia muita “baderna”, que a Rússia queria implantar o comunismo, junto com Fidel, Che Guevara, e tudo o mais, ignorando convenientemente os fatos de que todas as ditaduras na América Latina eram de direita. Não cite que Pinochet, Videla, e os outros estavam alinhados com os Estados Unidos, nem toque no fato de que os militares brasileiros receberam incentivo financeiro direto de Washington. Isso, meu amigo, é território perigoso. Se você fizer isso, pode colocar tudo a perder. E ninguém quer isso, né?

 

Mentiras Que Se Tornam Verdade: O Processo de Repetição

Agora, se você quiser continuar com a versão mais emocionante da história, repita a mentira incessantemente até ela se tornar uma verdade. Chame a ditadura de “revolução democrática” e, claro, negue com veemência o golpe. Contrarie todas as evidências de tortura e desaparecimentos, mas não com argumentos, só com gritos. Se ainda não estiver convencendo, faça aquele apelo emocional: diga que “eles mereceram o que aconteceu”, mas cuidado para não parecer cruel ou ressentido, isso pode acabar com sua reputação de grande pensador e entrega que você é um reaça de carteirinha.

 

A “Intervenção Militar”: O Grande Engano

Você, trepadeira de milico, que já está completamente imerso no espírito da Revolução Democrática de 1964, sabe muito bem que a verdadeira ordem só veio com os militares. Não importa o fato de que o Brasil estava, na época, na crista da onda da Guerra Fria, e que a instalação de uma ditadura militar foi mais uma peça-chave para os interesses dos Estados Unidos na região. Vamos esquecer isso, claro. Falar sobre isso só iria colocar em risco toda a nossa luta pela “democracia” que, por coincidência, excluía os “subversivos”, aqueles que, na visão de qualquer pessoa sensata, eram basicamente qualquer um que discordasse minimamente dos militares. Só porque uns pobres coitados foram torturados, mortos, e desapareceram sem deixar rastro, isso não quer dizer que foi uma coisa ruim, né? Afinal, eles estavam lutando por uma “causa maior” — que, convenhamos, é a única coisa que importa.

 

Tortura e a Paz: O Novo Sentido da Liberdade

E se você, por acaso, se pegar olhando para aqueles anos e perguntando, “Mas não foi um golpe?”, lembre-se de que, de acordo com os verdadeiros patriotas, um golpe é só um nome dado pelos derrotados. E quem são os derrotados aqui? Claro, os comunistas, os “terroristas” e, por que não, todo mundo que, no fundo, não estava nem um pouco feliz com a revolução. Mas a revolução foi necessária, meu caro, e tudo que foi feito foi para o bem da pátria. Agora, se quiser parecer um pouco mais “sofisticado”, pode até usar o termo “intervenção militar”, que soa um pouco mais… suave. Mas se alguém te desafiar, lembre-se: grite mais alto. Gritar é sempre a melhor estratégia quando os fatos não ajudam muito.

 

A “Educação” Pela Força: A Paz Justificada

E não vamos esquecer que a tortura foi, na verdade, uma técnica de “educação”. Não se enganem, isso não é sadismo, não é violência gratuita. Era, na verdade, uma forma de garantir a paz, a ordem e a moralidade nacional. Porque, como todos sabemos, a paz não pode ser feita sem um pouquinho de sofrimento, certo? Claro, os métodos podem ser discutidos, mas no final do dia, os fins justificam os meios. E se for necessário virar uma página da história e fazer de conta que, de fato, nunca houve tortura, desaparecimento ou qualquer outro detalhe inconveniente, é só repetir como um mantra: “não houve golpe”, “não houve tortura”, “só a nossa liberdade foi preservada”. E, se alguém ainda te questionar, bata com o pau na mesa (ah, você é conservador, né? Esqueci, pau não… revólver! Aliás, legalizem as armas já. Armas para todos. Armas até para crianças. Armas até para os animais!) então, bata com sua pistolinha mais forte na mesa e diga: “Isso é história, o resto é narrativa!”

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 05/03/2025
Alterado em 05/03/2025
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