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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

EXISTE HOMEM “IMBROXÁVEL”? Ou só Bolsonaro?

 

Parafraseando Pessoa em “Linha Reta”:

 

“Nunca conheci quem tivesse broxado.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil…

Eu, tantas vezes, irresponsavelmente broxava!”

 

Mas, como diria Sartre, “os broxas são os outros”, nunca nós mesmos. O mito, Bolsonaro, se diz imorrível, incomível e imbroxável — desses “ins”, os únicos que podemos comprovar é que ele inviajável e inelegível.

 

Mas por que essa sanha em admitir que o homem não pode falhar? Que o pau tem que estar sempre durão, pronto para a grande empreitada de exploração da caverna vaginal — essa gruta úmida, fonte de deleite, que jorra líquido, em fontes inexploradas e de difícil penetração, como o petróleo do pré-sal brasileiro? Porém, o enrijecimento é um fator fisiológico e psicológico, e às vezes nem o corpo nem a mente estão bem.

 

Essa coisa de “nunca broxei” me parece mito, ou coisa de quem teve poucas experiências para ter a chance de broxar. Eu mesmo já broxei inúmeras vezes: antes, durante e depois. Até pela minha experiência de transar (tentar) após o uso de drogas e alcool.

 

Vocês sabem bem que algumas posições simplesmente não funcionam com um pênis em estado de semi-estupor, como quem acabou de acordar — nem completamente mole, nem firme o suficiente. A famosa posição doggysyle, cachorrinho, ou mais popular “de quatro”, por exemplo, só dá certo se o pau estiver duríssimo! Um minuto de desconcentração pode ser o suficiente para arruinar uma foda bem dada.

 

Seria o amor um afrodisíaco infalível, uma panaceia contra a broxadura? Não sei. Eu só transei por prazer. Mas deve ser necessário muito amor para comer a mesma mulher por anos e nunca falhar. Prefiro acreditar nas notícias do Alan dos Panos, na existência de duendes e unicórnios, do que num homem casado há décadas que jamais tenha broxado.

 

A mulher, inegavelmente, leva vantagem fisiológica no sexo. Pode dar a hora que quiser, e, quando não quer, pode alegar uma dor de cabeça. Basta abrir as pernas, talvez um pouco de gel lubrificante, alguns gemidos que não sejam demasiado falsos, e até simular um orgasmo — e pronto, todos ficam felizes!

 

Já o orgasmo do homem é mais fenomenológico, impossível de fingir, explícito por natureza.

 

O Enigma do Desejo na Academia

Curiosa é a mente e o desejo por trás do fenômeno do pau duro. Ele surge com a fome, vem quando quer — às vezes, logo pela manhã, sem estímulos. Outras, nas horas menos propícias, como na academia, e os sinais do corpo não mentem.

 

Hoje voltei para a academia depois de alguns dias afastado e reencontrei aquela mulher da qual, admito, fugi. Nossa proximidade forçada por ela e a reação instintiva do meu corpo à sua aproximação me fizeram sumir por um tempo.

 

Mas lá estava ela novamente, acompanhada de uma amiga. Uma jovem de uns vinte e poucos anos, que contrastava fisicamente com ela, mas era igualmente bela. Havia nela um frescor de juventude, pele alva — tão alva que, com o esforço da atividade física (ou talvez da excitação), ruborizava-se.

 

Tinha um ar de princesinha, mas com um toque alternativo. Dessas que ouvem rock, mas nada muito pesado. Talvez Avril Lavigne, All Time Low, até mesmo Taylor Swift. Tênis Adidas clássico, tatuagens pretas discretas…

 

Talvez fosse bissexual, porque os olhares disfarçados que trocamos não eram de quem descarta o sexo oposto.

 

Antes, já havia notado essa amiga treinando com ela, mas só hoje percebi que se tratava da mesma pessoa. Sou péssimo fisionomista — para mim, alguém acompanhado e alguém sozinho parecem duas pessoas diferentes.

 

Mas o que me chamou atenção nela foi seu corpo, nossa troca de olhares cúmplices e sua visible thong line. Hoje, a marca do fio-dental estava ali, perceptível, mas mais sutil, como pede o protocolo da elegância, discrição e pudor. Quem quiser contemplar, que force os olhos, minha capacidade nesse quesito é tão pudica, oblíqua mas refinada, que mais um pouco adquiro a habilidade de visão raio-x ou ultra-vermelho do Superman.

 

O Jogo de Aproximação e Distância

Fui fazer minha prancha perto de onde as duas estavam, mas, assim que cheguei, para minha tristeza, elas se afastaram.

 

Depois da primeira série, procurei-as com os olhos. Parecia que tinham ido embora. Eis que, antes de eu chegar à terceira série, elas voltam para o mesmo equipamento de antes. Ora, já não tinham terminado? Para onde foram e por que voltaram?

 

E ficaram lá, repetindo os mesmos exercícios que já haviam feito.

 

E eu, absorto na prancha, fingindo indiferença com meu fone de ouvido, mas espiando de esgueira aquela dupla e me imaginando num threesome.

 

A Timidez Contra-ataca

Fui encher minha garrafinha e, exatamente nesse momento, a garota mais voluptuosa, da thong line, também foi encher a dela.

 

Senti o mesmo constrangimento de antes.

 

Ainda sou um calouro na arte da sedução na academia, enferrujado na habilidade de puxar assunto do nada. Ali estava uma ótima oportunidade, se não fosse meu fone de ouvido tocando eletrônica em som proibitivo no último volume, justamente para evitar conversar com alguém.

 

E minha timidez, claro.

 

Rapaz, se eu fosse tão desenrolado na vida real quanto sou na escrita, eu comeria muito mais mulher. Talvez o dobro de atualmente: ou seja, uma!

 

O Futuro dos Paqueradores Tímidos

Mas ainda tenho esperança no avanço da tecnologia.

 

Um dia, com a evolução da realidade aumentada, as pessoas olharão para você e verão seu perfil de relacionamento, seus gostos, sua descrição, suas fotos. Poderemos adicioná-las e mandar mensagem sem nem precisar falar.

 

Quando essa era chegar, espero não mais broxar, mas desabrochar.

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 27/02/2025
Alterado em 27/02/2025
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