Essa imagem é minha, e o ChatGPT não seria capaz de criar aquilo que reafirma a primazia humana diante da máquina: Ferramentas de inteligência artificial podem ser um “Photoshop de texto”, mas não produzem algo novo, original, autêntico, do nada. O mais importante é o conhecimento de vida adquirido por quem está por trás operando a ferramenta.
Faça um teste: pegue um texto meu e peça para ele reproduzir algo semelhante sobre outro tema. O resultado será um simulacro, sem alma, sem vivência. sempre uma sombra do original. Não, Dave le Dave é criação humana. Dave le Dave, é coisa nossa!
E a inteligência artificial, como diz o brilhante neurocientista e palestrino Miguel Nicolelis, “nem é inteligência, nem é artificial”.
Primeiro, porque não há inteligência real no processo. A IA não pensa, não tem consciência, não faz escolhas. Ela apenas calcula probabilidades com base em um oceano de dados. Segundo, porque depende do insumo humano em todas as etapas – na coleta de informações, na estruturação dos algoritmos, na definição dos parâmetros que guiam suas respostas. Em essência, não é uma entidade independente, mas um reflexo ampliado das inteligências que a alimentam. Não à toa ele é brilhante e palestrino, o Nicolelis, igual esse humilde escriba.
Se eu uso a ferramenta na elaboração dos meus textos? Sim, sem dúvidas. Mas os meus métodos criativos eu não revelo. Uso como fonte de pesquisa, para datas e referências, mas não para gerar ideias ou estruturar um pensamento genuíno. E mesmo no “Photoshop de texto”, se a revisão final não for minha, por ele ser um robô, é mais provável que estrague tudo – elimine o que é crucial, reduza o vocabulário, achate a riqueza do estilo – do que efetivamente melhore. Pode ser uma muleta para quem não sabe escrever? Pode. Mas entre um texto revisado por IA e um cheio de erros crassos de português, eu prefiro o primeiro.
Aliás, dias atrás compartilhei um texto que escrevi aos 14 anos, sem corrigir nada. Naquela época, não existia IA para ajudar, e ainda assim, a riqueza de vocabulário e o domínio da língua para alguém tão jovem são notáveis. Claro, escrevi no Word, o que já facilitava mais do que à mão, mas ainda assim.
Agora, tire a prova dos nove: pegue um texto meu, como “O prazer que só a língua pode dar”, peça para o ChatGPT fazer um no mesmo estilo e poste como se fosse seu. No mínimo, será um conteúdo admirável, porque foi baseado em algo bom. Mas será que terá a mesma pulsação, o mesmo frescor, a mesma pegada? Duvido.