Um dos filmes menos inspirados de Lars von Trier, para dizer o mínimo, é “Ninfomaníaca”, que eu assisti às partes um e dois no cinema. Trier parece simplesmente dar vazão aos seus deleites e fantasias sexuais e, para dar um ar sofisticado e não passar por pornografia barata, insere na trama a figura de um intelectual que serve como ouvinte da ninfomaníaca, interpretada por Charlotte Gainsbourg, que relata suas experiências eróticas, sendo que o intelectual é virgem. Lars von Trier recorre a estereótipos e polêmicas vazias. Em filmes como “Ondas do Destino”, “Dogville”, “Dançando no Escuro”, “Manderlay” e “Melancolia”, esses elementos existiam, mas tinham conteúdo. Nesse filme, tudo é gratuito e leviano.
Na parte um, ela já aparece na adolescência púbere, com seu desejo não saciado, que ansiava e não encontrava satisfação na figura do namorado, que era incapaz de satisfazê-la sexualmente. Ela se permitia ter sexo público no vagão, incluindo, por exemplo, “Blowjob with swallowing”, e eu uso termos em inglês como eufemismo. Quem estiver curioso que pesquise, mas não se espante se acabar parando direto no Xvideos. Mais tarde, ela se envolve em um “threesome” ou “ménage à trois” com desconhecidos africanos que vê na rua e perde sua filha bebê por negligência para ir transar, além de sessões de “spanking”com um sexoterapeuta pouco ortodoxo. E é isso. O filme é pornografia explicita com edição de computação gráfica, mas muito bem feita por sinal, salpicado com reflexões do intelectual, como o mito da ninfomaníaca, para não passar simplesmente como pornografia barata, tenta passar por intelectualidade, mais ou menos o que eu tento fazer aqui na minha página, pensando melhor, não é verdade?
Mas essa condição realmente existe? O que seria uma mulher ninfomaníaca? Dizem que o homem não nega fogo, por uma questão biológica. Para espalhar seu sêmen e perpetuar sua espécie, ele tem que estar sempre preparado para transar. Então, é fácil para ele se excitar, o desejo surge, seu pau fica duro e pronto, ele mete, goza e fim de papo. Daqui a poucas horas, se for jovem, está pronto para outra, e se for com outra pessoa, tanto melhor.
Mas a mulher é diferente por uma questão biológica também. Não é seguro ela se envolver com qualquer um, pois existe um maior risco e dor para ela no sexo: risco de gravidez, entre outros. Ela precisa selecionar seu parceiro, pois carregará a prole por meses, e tudo isso é refletido e processado inconscientemente na cabeça da mulher antes da excitação. Por isso, ela precisa de um envolvimento emocional além do físico. Ela é estimulada pelas palavras, pela pessoa, é suscetível ao elogio, gosta de uma boa preliminar e preza o erotismo mais do que a sexualidade estrita. Pelo toque, a sensualidade. E precisa estar lubrificada para receber o pênis, majestoso, volumoso, que quer abrigá-la, sem cerimônia.
Mas algumas mulheres parecem estar sempre prontas. Elas são raras, mas algumas queimam de desejo lascivo, e sua libido parece masculina. Ainda assim, acredito que isso é apenas um estágio antes da ninfomaníaca. A ninfomaníaca é quando a compulsão por sexo se torna uma doença e começa a atrapalhar a vida, como no filme Shame ou até mesmo no próprio Ninfomaníaca.
Embora a ideia de uma mulher sempre em fogo para se satisfazer possa ser apetecível, é constrangedor. Como no filme, você não tem água suficiente para apagar o incêndio, e isso deve gerar impotência. Então, é melhor assim: mulher com desejo sexual normal, estimulada e disposta a se entregar no momento certo, para a pessoa certa, ou mesmo na errada, no lugar errado, pela emoção do momento. Diante da pessoa certa, ela se sente como uma ninfomaníaca, até vivendo um teenager dream katyperriano, ou melhor, como no estilo de Darwin Deez, como analisei no meu texto.
Que ela arda além do prazer físico do toque, pelo charme da linguagem e pelo fogo da mente!