No amor, esse jogo de quente e frio, morde e assopra, esconde-esconde, contraria, às vezes, o que se diz sobre como a mulher gosta de ser tratada. Galanteios, elogios? Nem sempre. Se fosse assim, canalhas e cafajestes não teriam tanto êxito CONTRA as mulheres. E uso a preposição contra de propósito, porque a sedução de um cafajeste não é DE ou COM mulheres, mas CONTRA as mulheres.
Só isso explica por que tantas preferem alguém vulgar, alguém que as agrida até fisicamente, do que alguém que as transporte para além da realidade. Não se trata apenas de escolher um homem que cuide, valorize e não as sugue, mas sim aquele que saiba usá-las para além do corpo—e, paradoxalmente, não apenas para satisfazer a carne, mas para provocar a mente.
Há sempre o mistério e a dissimulação. A mulher que antes se exibia diariamente, que mostrava sem reservas cada detalhe de si, de repente se esconde. No jogo de quente e frio, opta por se distanciar. O que poderia parecer desinteresse, na verdade, confirma o contrário: antes, ela se expunha para ser vista, para que pudéssemos conhecê-la por completo. Isso é lisonjeador—quando ela compartilha o que julga belo e sensual, fotos íntimas, eróticas, a prole que para ela é sagrada, a avó, o momento da formatura, instantes que a definem, sexy e instigantes. Mas então vem o silêncio, imposto pela vida, pela obrigação matrimonial, pelo peso da normalidade. Isso, claro, se isso não fosse uma crônica de ficção.
E como em Três Homens em Conflito, de Sergio Leone, me pergunto: nessa tríade, que papel me cabe? O Bom, o Mau ou o Feio?