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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

MINHA LUTA CONTRA O DESTINO

 

O Dever do Amor

 

Meu dever fez-me, como Deus ao mundo.

A regra de ser Rei almou meu ser,

Em dia e letra escrupuloso e fundo.

 

Firme em minha tristeza, tal vivi.

Cumpri contra o Destino o meu dever.

Inutilmente? Não, porque o cumpri.”

— Fernando Pessoa

 

Mesmo que o destino nos separe, você viverá em mim para sempre.”

 

Essas palavras, que poderiam ser ditas por quem amo, não encontram eco em mim. Prefiro me refugiar nos versos de Pessoa e desafiar o destino, enfrentá-lo sem hesitar, cumprir meu dever contra ele, pois, se cumpro, não é em vão. E mais ainda, se se trata de lutar por amor.

 

Que barreiras seriam intransponíveis para duas almas que se amam? Não foi o amor que abriu os mares — o amor divino? Não foi o amor que levou nações a guerras, de 10 anos, como a de gregos e troianos — um amor nascido da traição? Não foi o amor que trouxe ao mundo o pecado — o desejo pelo proibido, a ânsia pela transgressão? Então, que batalha o amor não pode vencer? Que destino ousaria nos separar?

 

Ansiedade, isolamento, barreiras sociais, limitações da vida… Ora, o amor é um chamado da alma, um reconhecimento silencioso que atravessa vidas e tempos. Mas também é algo que se constrói, pedra sobre pedra, dia após dia.

 

A Escrita como Testemunho

Escrever sobre sentimentos e testemunhar o amor por meio das palavras é, por si só, um ato grandioso—especialmente em tempos onde a imagem reina soberana.

 

Não quero me ver na posição de correr atrás de alguém que deixa um coração (na verdade, dois ❤️🩷) em um texto que mais parece obra de um autor da quinta série, com um português igualmente infantil, apenas porque ele ostenta barba e músculos. Muito provavelmente, o tamanho do seu intelecto e de orgão genital seguem a lógica inversa da sua aparência, encolhendo na mesma proporção de sua ignorância—fácil de notar pelo simples desconhecimento de como usar um símbolo básico como uma interrogação e ausência de tempo de publicação de algo novo.

 

Mas talvez esse seja o maior sinal de que, antes do conteúdo, o que ainda governa é a aparência—essa mesma que, tantas vezes, ilude. Porque há casos em que até a escrita trai sua própria intenção: alguém pode afirmar preferir uma coisa, mas, de forma velada e dissimulada, agir de maneira oposta, com olhares oblíquos, à moda de Capitu.

 

O Jogo da Aparência

Mas estamos atentos. Ou melhor, nem estamos mais. Porque certos jogos fazem qualquer um perder o interesse—até mesmo o sexual. E então, naturalmente, voltamos para quem realmente sabe nos valorizar.

 

Afinal, nunca ganhei um coraçãozinho pelos meus textos, porque eu apenas escrevo. Mas tenho o coração de quem realmente me ama. E isso basta.

 

“Sim, Homero, você mesmo poderá vir, acompanhado das Musas; mas se não trouxer nada, será mandado embora, Homero.” E se não tiver uma conta no Instagram exibindo músculos e pouco cérebro, também, Homero.

 

A Morte da Palavra

A gravura que ilustra a imagem é o sepulcro da linguagem.

 

A imagem que se impõe agora é a do verbo sepultado sob a ditadura da aparência. A palavra, outrora sagrada, agora disputa espaço com corpos esculpidos e cérebros esvaziados. Homero, sem músculos e sem selfies, já não teria plateia; Pessoa, com sua escrita sem adornos digitais, passaria despercebido.

 

O Amor ainda Persiste

Mas, se o amor é coisa de alma, se reconhece de longe e se constrói no dia a dia, então a verdade não está na superfície. Quem vive de imagem pode colher efêmeros corações virtuais, mas jamais tocará o coração real de quem sabe enxergar além. No fim, a escrita persiste – mesmo que sem curtidas, mesmo que sem aplausos –, pois sua essência é imortal. Quem ama verdadeiramente reconhece seu valor. E é por isso que seguimos escrevendo.

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 16/02/2025
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