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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

RECANTO DAS LETRAS OU MAÇONARIA DAS LETRAS?

 

Esse texto é parcialmente uma visão crítica sobre a plataforma. Digo “parcial” porque não sei se ela é construtiva ou vazia, pois apenas aponta lacunas para possíveis melhorias, mas não oferece soluções.

 

A Democracia e a Diversidade da Plataforma

O ponto positivo da plataforma é que ela é democrática e possibilita a todos, quaisquer que sejam sua formação, nível intelectual e letras, postar seu texto e conteúdo. Isso vai desde textos, prosas e versos, resenhas, trabalhos acadêmicos, artigos acadêmicos, trabalhos escolares, sátiras humorísticas, orações para despacho e até para trazer a pessoa amada. Até de temática adulta, de sacanagem, tem de tudo e gosto para tudo. É uma representação social do próprio Brasil e sua cultura étnica multiracial e multifacetada, com ideologias diferentes e visões de mundo abrangentes.

 

Porém, alguns textos, convenhamos, são tão vazios e mal escritos que nem dá para chamar de conteúdo. Porém, a plataforma dá o mesmo direito de divulgação a eles, que permanecem na página inicial por cerca de 30 minutos, quando muito. Às vezes, o texto é sufocado por uma miríade de mais textos vazios, que sequer têm a preocupação de um título instigante e muito menos no conteúdo, só ocupando o lugar de um texto que envolveu mais trabalho e elucubração.

 

A Democracia da Plataforma e Seus Desafios

Mas não há como a plataforma interferir nisso? Pois seria talvez interferir no acesso democrático à postagem de conteúdo. Todo escritor escreve para si, mas também para ser lido, claro, e para gerar engajamento. Por isso, entrou numa plataforma de textos para expor seus escritos ao escrutínio público e é bom receber comentários.

 

Contudo, a maioria são comentários lacônicos e vazios de escritores que mais estão preocupados em divulgar sua página tão vazia quanto seus comentários e nem se dão o trabalho de ler o texto e já deixam os parabéns.

 

Não caberia à plataforma, de alguma forma, fazer uma curadoria dos melhores textos, os mais interessantes, com títulos instigantes e bem formatados, que valem a pena ser lidos e divulgados? Separar alguém para escolher aqueles melhores para ficar numa vitrine de destaque durante algum tempo, num espaço reservado, assim como os textos mais lidos?

 

No entanto, os textos mais lidos muitas vezes não são os melhores, muito pelo contrário. Refletem autores justamente que praticam os comentários spam para divulgar sua página ou aderem a uma espécie de panelinha ou grupinho: a maçonaria das letras.

 

O Equilíbrio entre Erudição e Acessibilidade

É claro que nem sempre os textos mais eruditos ou sofisticados, pela sua linguagem técnica e pouco acessível, são igualmente vazios e não interessantes. O recantista lendário Miguel Carqueija já alerta sobre a importância de tentar fazer uma literatura interessante, ou seja, publicar textos que ao mesmo tempo gerem leitura, engajamento e sejam acessíveis ao maior número de leitores.

 

Mas, mesmo um texto com um título bem escolhido, chamativo e instigante, talvez, no máximo, nesses 30 minutos em que ele fica disponível na página inicial do Recanto, receba, com sorte, 15 leituras durante esse período. Os autores que conseguem ultrapassar essa média de leituras são aqueles que furam a bolha e conseguem até ter leitores cativos ou parciais, que eventualmente adquirem o hábito de visitar suas escrivaninhas para ler seus textos, interagir, seja por amizade recíproca ou por interesse genuíno.

 

O Valor dos Comentários e a Desconsideração do Trabalho Alheio

Então, não existe isso de querer ser lido, mas também não interagir com ninguém. Não confundir com as ervas daninhas e os malditos comentários genéricos. Porra, isso é uma desconsideração com o trabalho do outro. Se ele deixou um tempo para escrever um texto, não podemos retribuir lendo-o e deixando nossa opinião sincera que contribua com o texto? Ou será que nossa capacidade de discernimento, talvez a falta de interpretação, um certo analfabetismo funcional, não permite pensarmos um comentário além do genérico “parabéns”?

 

A Identificação com Tarantino e a Leitura Pessoal

Tarantino, numa entrevista, comenta como alguns diretores não gostam de assistir aos próprios filmes. Ao contrário dele, que adora rever seu trabalho e não perde uma oportunidade de rever Pulp Fiction, mas tem que ser em película, no formato original. E, demonstrando confiança em si, em Cannes, quando iam exibir esse filme no formato original, o diretor perguntou à plateia: “Alguém aqui nunca assistiu a Pulp Fiction antes?” E quem respondeu que não, ele acrescentou, em alto e bom som: “Losers.”

 

O Prazer da Releitura e o Brilho Próprio

E eu me identifico com Tarantino nesse ponto: adoro ler o que escrevo. Eu tenho, em média, 33 leituras por texto, e entre elas, eu mesmo devo ser responsável por 5. Adoro ler e reler o que eu mesmo escrevo e até relembro e aprendo comigo mesmo, reforço as coisas que sei, rememoro e me surpreendo comigo mesmo às vezes, com meu tom didático, criativo e até erudição, num jovem de 33 ainda.

 

E pretendo, assim como Fiódor Karamázov, permanecer no rol entre os homens por muito tempo. E quem sabe os picos que poderei alcançar? E, assim como Tarantino afirmou, quem não lê: losers!

 

O Impacto de Excluir uma Conta e Bloquear Comentários

E agora eu quero entrar na questão: o que uma pessoa ganha ao excluir sua conta do RL, apagar comentários e bloquear comentaristas? Que mensagem ela está passando ao mundo? Ou, mesmo se não apagou, deixando de publicar?

 

A Amiga Anita Maria e as Consequências do Bloqueio

Vou voltar ao exemplo da minha ex-amiga Anita Maria, que me bloqueou por um mal-entendido. Ela acha que eu não percebo, mas justo no momento em que interagimos, era o que mais era assídua no RL, mais criativa. Não ficava 3 dias sem postar, às vezes postava 2 dias seguidos, enquanto antes sua média era uma vez por mês. Uma prova de como o incentivo e o poder do elogio têm efeito benéfico nas pessoas.

 

Agora, depois que me bloqueou, olhem sua página e visitem. Está jogada às traças, sem motivação para escrever, apagou sua foto. No final, foi boa essa decisão de me bloquear e não fazer questão nem sequer da minha amizade? Que diferença de alguém que, simplesmente, quando apareci, trocou sua foto de perfil, mostrando sua beleza, 3 ou 4 vezes, enquanto antes usava a mesma imagem durante 4 anos. Aí você se pergunta: por quê?

 

O Caso da Professora e a Decisão Abrupta

E agora chegamos à professora, fã de Nelson Rodrigues, que apagou sua conta num gesto abrupto, imediato e desmedido. Em troca de quê? O que ela anda fazendo em vez de escrever? Onde está mostrando sua beleza física e na escrita, que comprovam a mulher foda que ela é, como ela diz? No anonimato e obscuro do seu quarto? No quentinho do leito? Seus escritos resguardados do público, intactos, talvez tendo como testemunha, senão uma crosta de poeira, até que desgastem o papiro e o esquecimento.

 

Mas as ações refletem nosso estado de espírito, quem somos, nossa confiança e valores.

 

A Maçonaria das Letras e o Brilho Próprio

Eu, por exemplo, escolho continuar e fazer parte do seleto grupo secreto Maçonaria das Letras, com todos os seus ritos obscuros, liturgias e idiossincrasias próprias — porém, sem deixar que nenhum novo astro ofusque meu brilho próprio.

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 11/02/2025
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