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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

O LIMITE do PRAZER e da VIRTUDE.

Hoje eu estava planejando encerrar a noite com outro texto, bem mais bonitinho e carinhoso, mas hoje ocorreu algo – ou melhor, graças a Deus deixou de ocorrer – que quero transformar em uma crônica filosófica.

 

Vocês sabem que, na República, no livro 2, Platão narra a história do anel de Giges.

 

Nessa passagem, Glauco, irmão de Platão, relata a história de Giges, um pastor da Lídia que encontra um anel mágico capaz de torná-lo invisível. Com esse poder, ele seduz a rainha, mata o rei e toma o trono para si.

 

A narrativa serve como um experimento filosófico para discutir a natureza da justiça e da moralidade. A questão central levantada por Glauco é: será que alguém permaneceria justo se tivesse o poder de cometer qualquer ato sem ser descoberto? Se fosse invisível, igual Giges? Isso leva ao debate sobre se a moralidade é algo inerente ao ser humano ou apenas uma convenção social baseada no medo da punição.

 

Ou, para os mais banais, é como aquela letra do Capital: “O que você faz quando ninguém te ver fazendo?” ou “O que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?”

 

Eu então quero evocar esse mito de Platão e a letra do Capital para concluir que agir eticamente, ou os limites da ética, é aquilo que você faria mesmo sem ser descoberto, mesmo que ninguém visse, se fosse invisível. Se a sua consciência te impõe o limite, mesmo se você achasse o anel da invisibilidade de Giges, é porque esse é seu limite ético.

 

A Estética do Corpo e do Prazer

Por exemplo, eu evoquei no meu texto A Estética do Corpo e do Prazer (em tom meio jocoso, meio confessional) que me atrai a beleza florescente de uma colegial, mas que eu não teria coragem de me envolver com uma ou seduzir alguma. Porém, fazer a vontade de uma delas, sinceramente… Da mesma maneira que a oportunidade faz o bandido, se o interesse e a iniciativa fossem totalmente da colegial, fosse algo discreto e sigiloso, esse seria meu limite ético: satisfazer o seu desejo florescente, talvez virginal, que me traria sem dúvidas enorme prazer e, mesmo assim, respeitando seus limites de garota que ainda está descobrindo o prazer que seu próprio corpo pode propiciar e receber. Quem sabe até ajudá-la nessa descoberta.

 

Mas meu limite ético diz que não seria correto seduzi-la propositalmente, só com intenções sexuais. Eu jamais faria isso, mesmo que fosse invisível ou se soubesse que jamais fosse descoberto. Então, dá para dizer que esse é meu limite ético, imposto por mim mesmo, pelos meus valores pessoais, caráter, moral. E abaixo de certa idade, nem se a garota implorasse! Porque aí já considero uma doença de caráter patológico.

 

O Desabafo Constrangedor

Mas tudo isso é só um pretexto para falar da história constrangedora na qual, de certa forma, estou envolvido.

Minha companheira de trabalho tem idade para ser minha mãe, e ela vive me perguntando se namoro, que quando eu namorar, eu vou ser um bom parceiro, que sou educado, gentil, cavalheiro, e fala que o marido dela só quer saber de usar regata e me compara dizendo como sou elegante e só ando meio arrumado, que cada camisa minha deve ser muito cara. E blá blá blá.

 

Aí, de uns dias para cá, ela deu de me oferecer carona por causa da “chuva”. Mas ela sai uma hora mais cedo, então eu tenho uma ótima desculpa para não pegar carona com ela.

Hoje, especialmente, eu peguei uma forte chuva no meio do caminho e cheguei todo encharcado, mas isso não impediu que eu estivesse mais elegante e bonito do que nunca. Eu me visto muito bem, sem falsa modéstia. Mas não é para me exibir ou chamar a atenção de alguém, é porque sempre fui assim. Desde os 16 anos, meu estilo é mais casual chique – ora mais sofisticado, ora mais despojado. Mas sempre impecável.

 

A outra mulher que trabalha comigo falou que a mulher que casar comigo tem sorte, mas tá fodida (com palavrão) porque eu sempre estou impecável. Mas eu me visto para mim mesmo. E pior, nem é por autoestima ou vaidade, é minha personalidade mesmo.

Tem uma garota de 19 anos que é muito bonita e trabalha com a gente, que é lésbica e se veste com roupas masculinas, largas. Esse é o estilo dela, mas ninguém questiona. Agora, o meu, como é elegante e sofisticado, acham que é pedantismo. Mas da mesma forma que o modo de vestir faz parte dela, da personalidade dela e transmite uma mensagem sobre ela, o meu modo de vestir faz o mesmo. Mas as pessoas confundem as coisas.

 

Minha colega de trabalho, que tem idade para ser minha mãe, hoje passou de todos os limites até beirar o constrangimento – e todos perceberam! Como eu saio uma hora depois, eu achei estranho ela não ter saído. Ela ficou na recepção, a pretexto de imprimir uns “holerites”. Ela ficou imprimindo os holerites “coincidentemente” até o horário de eu ir embora, justo no computador da recepção, que era impossível não ver a hora que eu ia sair. E ela estava em conluio com a amiga dela. Eu fui fazer um lanche perto de ir para casa e essa amiga veio falar se eu já ia para casa ou se ia voltar, obviamente para saber se eu estava indo embora para ela me oferecer a carona. Como eu sou esperto, já percebi tudo propositalmente. E fiz de tudo para conseguir a carona do meu colega (aquela do ménage). E quando ela me viu indo embora, ainda percebi os seus passos acelerados e desajeitados correndo de uma hora para outra, que contrastava com a calma com que ela esperou até eu sair. Ora, os holerites ficaram impressos bem na hora de eu ir embora? E ela sai correndo e ainda disse mais uma vez, mesmo me vendo do lado do meu companheiro, se eu não iria querer uma carona? Ela, que nunca ofereceu carona para ninguém, e detalhe, mais quatro pessoas vão para a estação também, mas ela ofereceu carona só para mim. E ainda se demorou. Quando viu que não ia ter jeito, deu uma freada brusca no carro antes de sair para ver se eu pegava carona com ela e ia sozinho com ela. Mas eu fugi dela igual o Drácula da cruz.

 

Vaidade e Sociedade

 

Vocês acham que posso contar essa história por vaidade? Para mostrar como sou foda, bonito para caramba? Mas a verdade é que estou puto. Puto com ela, por ela confundir as coisas, o modo educado com que trato ela, de oferecer café da minha máquina própria, o fato de eu sempre estar bem vestido, com o sinal de que eu estava interessado nela. Nossa, me dá uma certa vergonha alheia e constrangimento até de contar essa história. E pensar que amanhã vou ter que encará-la e meu colega não estará lá. E todos, acho, perceberam. Meu colega do ménage deu carona para uma senhora e eles comentaram, não sei por quê: “Tadinha da D., você viu a freada brusca que ela deu?”

 

Mas o que eu fico puto é não poder usar a roupa que eu gosto, ser eu mesmo, sem ser interpretado como alguém que quer chamar a atenção. Relativizo à minha aparência, mas eu sou um rapaz bonito, sim. A verdade é que minha mãe trabalha comigo, só que na parte da manhã, faz a mesma coisa que eu, e eu trabalho à tarde. Sim, nepotismo. E as pacientes que sabem que ela é minha mãe comentam que o filho dela é bonito. Etc. E eu sei que a minha opinião sobre a minha própria aparência não vale nada, mas o que dizem… Eles falam que sou bonito. E sabem, o tempo está me fazendo bem. Estou ficando mais bonito com o passar dos anos.

 

A Reflexão Sobre as Mulheres e a Liberdade

Mas esse fato da roupa, de eu não poder usar o que quero, me trouxe enorme empatia com as mulheres que não podem usar certas roupas por acharem que elas querem seduzir ou chamar a atenção, como calça legging, roupas apertadas, vestido, sei lá… O modo de vestir dela não diz nada sobre a personalidade. Como uma vez li em uma crônica que jamais me esqueço de uma excelente escritora do Recanto, que infelizmente não escreve mais e que eu sinto muito falta diariamente: “O modo que uma mulher se veste não quer dizer nada concreto sobre sua personalidade ou coisa do tipo, mas sabemos muito bem que nossa sociedade julga demais o que se veste! O fato de uma mulher estar usando roupa curta não quer dizer que a mesma queira ser estuprada ou assediada.” E isso é verdade, e vale para nós homens também.

 

Meu Limite Ético e as Confissões

Agora, sem tentar perder o fio da meada, meu senso ético, meu limite do prazer, moral… Mesmo que minha colega de trabalho fizesse meu tipo – afora o fato dela ser conhecida da minha mãe, ser casada com o mesmo marido desde que ela era adolescente e tudo isso para querer ter um momento comigo –, se essa era a intenção por trás da insistência na carona, eu jamais me permitiria ficar com ela.

 

Quando eu fazia uso de substâncias, que aumentavam muito minha libido, confesso que já me envolvi e me relacionei com garotas nada a ver, só buscando prazeres fugazes. Mas hoje, sóbrio, me envergonho.

 

Mas atualmente, eu tenho que ter amor próprio, saber meu valor. Eu não posso ficar com qualquer uma. Eu sou culto, educado, cavalheiro, elegante, interessante, instigante, e atualmente ainda cuido da saúde, do corpo e da mente. Eu tenho que saber meu valor e não posso sair por aí pegando qualquer uma. Eu não tomo um fora da pessoa que me inspirou a entrar no RL pelo mesmo motivo? Então…

 

Reflexões sobre a Sociedade Machista

E outra reflexão sobre nossa sociedade machista: Eu falo algumas coisas, minhas confissões… imagina se fosse saído da boca de uma mulher as coisas que eu falo? Como não iriam julgá-la, chamá-la de vagabunda, puta, safada? Mas como eu sou homem, passa como experiência de vida, um cara vivido.

 

Olha o caso da recantista Aline Danielle, que gosta de postar conteúdo às vezes mais sensual e erótico, mas sem descambar para vulgaridade. As pessoas confundem seu eu lírico com quem de fato ela é, e a julgam, chamando-a de puta.

 

Mas sabem, ela samba na cara de todas elas, se permitindo o prazer que muitas queriam para si, mas preferem viver na clandestinidade e na falsa moralidade.

 

Bom, esse desabafo já está muito longo. Amanhã escrevo o texto bonitinho, como prometo.

 

Assim como a Gossip Girl se despedia, eu faço também:

 

You know you love me: xoxo.

 

Dave le Dave: David Amorim.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 30/01/2025
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