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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

Solilóquio Vazio, Monólogo Sem Sentido

Não, eu não sofro de bipolaridade ou alterações de humor. Padeço, talvez, de um excesso de pensamento lógico, sempre buscando o sentido e a causa das cousas. E é apenas por isso que talvez se note a diferença de tom entre os meus últimos escritos e este. Mas a verdade que estou prestes a escrever já se manifesta na minha consciência há muito tempo. O amor, às vezes, a esconde.

 

A verdade é que os meus escritos são apenas isso: escritos. Um solilóquio shakespeariano, um monólogo interno que não está me aproximando de ninguém, a não ser de mim mesmo e dos meus próprios pensamentos. Compartilhei com quem amo tantas mensagens bonitas, cheias de carinho e amor. Escrevi epístolas que demonstram meus sentimentos, algo tão raro nos dias de hoje. Minhas palavras fogem à banalidade do cotidiano. Nem sei se essa experiência se repetirá para ela ou para qualquer outra pessoa na nossa sociedade. Dificilmente, acredito, alguém está disposto a dedicar tantos textos belos a uma única pessoa, tendo-a como fonte de inspiração.

 

Mas a verdade é que nunca recebi sequer um “obrigado” por essas palavras, ao menos que eu me lembre. Talvez elas sejam vistas como apenas isso: palavras. E palavras, hoje, não têm valor comercial. Não são joias, viagens ou carros. Se Homero chegasse a uma festa atual trazendo suas musas, mas sem presentes, seria rejeitado. E é muito doloroso constatar e afirmar que minhas palavras são recebidas com certa indiferença, como se fossem algo banal, sem importância. 

 

Desde que nos separamos, anos atrás, ela nunca mais falou comigo diretamente. Talvez, indiretamente, por meio de um pseudônimo. E isso, para mim, já era a maior alegria do mundo. Mas até isso se perdeu no esquecimento. Nunca houve uma mensagem direcionada a mim de forma explícita.

 

A verdade é que, todas as vezes em que tentei me aproximar, fui imediatamente rejeitado. Fui bloqueado nas redes sociais e até recebi uma ligação anônima com uma ameaça de morte. Alguém que ama permitiria que outra pessoa, mesmo que em tom de brincadeira, ameaçasse de morte a vida de quem ama? Eu, por outro lado, já disse — e reafirmo — que entraria na trajetória de uma bala para preservar a vida dela.

 

Atualmente, atravesso um momento delicado de reabilitação, que exige esforço e vulnerabilidade. Estou buscando apoio, superando qualquer orgulho, inclusive vindo ao Recanto das Letras em busca de acolhimento. E, mesmo abrindo meu coração, mesmo sabendo que a pessoa que amo é médica — alguém que, presume-se, deveria ter empatia pelo sofrimento alheio —, não recebi nenhuma mensagem de apoio. É claro que não esperava uma mensagem pessoal, mas talvez um comentário anônimo, algo que deixasse a entender que era dela.

 

Sim, aparentemente, há alguém lendo meus textos, inclusive textos antigos. E, possivelmente, é ela. Não consigo imaginar outra pessoa interessada em acessar escritos tão pessoais. Sou grato por isso. Essa leitura me dá força para continuar escrevendo, mesmo diante do silêncio. Mas às vezes me pergunto: ela lê porque realmente sente algo por mim? Ou é apenas para inflar o ego, pelo prazer de saber que há alguém distinto escrevendo sobre ela? Isso gera algum tipo de satisfação pessoal?

 

Meu amigo J. é categórico: jura que ela não está nem aí para mim, que sequer é ela quem lê meus textos. Segundo ele, se ela descobrisse meu perfil no Instagram, me bloquearia imediatamente. Ele argumenta que até mesmo ele foi bloqueado por ela e que isso demonstra como ela não quer nada comigo. Talvez ela apenas desfrute da ideia de saber que alguém escreva sobre ela inocentemente, ternamente, docemente e tragicamente, de modo singular e original.

 

Se o motivo for as barreiras sociais ou as cicatrizes que carrego, eu digo: a vida é uma roda gigante. Quem está por baixo, uma hora volta para cima. E isso eu já experimentei. Não me falta capacidade, vontade e motivação para isso.

 

Se tenho uma virtude, é possuir bom gosto: sei estipular o valor das coisas e identificar o que realmente importa. É por isso que atribuo a você o mais alto grau de importância, não apenas pelas suas características físicas ou pela beleza angelical que me encantam, mas também pela sua personalidade.

 

Entretanto, também sei reconhecer o meu próprio valor. Sou um unicórnio no mundo de hoje. Não posso viver como um passarinho, alimentando-me das migalhas de afeto que sobram do pão de outros.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 08/01/2025
Alterado em 09/01/2025
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