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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

Dandismo Moderno: Minha “Nova” Filosofia de Vida.

Um movimento histórico que admiro bastante pela sua superficialidade aparente e ausência de busca por uma verdade absoluta é o dandismo. Nem se pode chamá-lo propriamente de uma forma de pensar, mas sim de um movimento estético, uma maneira de enxergar o mundo em que a beleza ocupa o papel principal.

 

Um livro curto, que gosto bastante, é um tratado com três ensaios sobre a vida ou os autores que exploraram a figura de três grandes dandis. Trata-se de Manual do Dândi: A Vida com Estilo, publicado no Brasil pela Editora Autêntica, que reúne textos de Baudelaire, Balzac e Barbey d’Aurevilly sobre o tema. Este último dedica-se, em especial, à vida de George Bryan Brummell, conhecido como Beau Brummell, um notório dândi que viveu na Inglaterra durante o final do século XVIII e início do século XIX, uma figura emblemática da moda e do comportamento refinado.

 

Engana-se, porém, quem pensa que o dandismo se reduz a uma vida superficial ou à extravagância no vestir. Pelo contrário, o dandismo é uma expressão profunda do espírito, que se manifesta por meio das coisas que o indivíduo possui e da forma como as utiliza para demonstrar sua originalidade. Se de alguma forma o dândi se distingue, é pela simplicidade – aquela que, como dizia Leonardo da Vinci, é o último grau de sofisticação.

 

O dandismo é também um caminho de contemplação da beleza, uma maneira de internalizar a vontade e sublimar os desejos e instintos, como sugere Schopenhauer. Para ele, o mundo da representação, que expressa a essência do ser humano, é a chave para viver de maneira mais elevada e elegante. Assim, o dândi se destaca não apenas pela aparência, mas pela harmonia entre o que é visível e o que é mais elevado – uma estética de vida.

 

Sim, se olharmos para imagens de grandes dandis históricos, como Oscar Wilde, podemos encontrá-los vestindo casacas chamativas ou detalhes inovadores. Mas o segredo do dândi está no equilíbrio. Ele sabe medir a diferença entre a originalidade, que confere um toque singular, e o ridículo, que destoa de forma exagerada.

 

Na arte em que a mulher é perita – o vestir –, o dândi busca brilhar ainda mais do que ela em ocasiões importantes, destacando-se com uma toilette impecável. Não se trata de exagero ou extravagância, mas de saber equilibrar os detalhes que o distinguem sem chamar atenção desmedida. É uma arte sutil, que consiste em impressionar pela discrição refinada.

 

No meu gosto pessoal, valorizo a sobriedade: tons neutros, cortes ajustados e harmônicos que conferem uma elegância distinta sem atrair atenção excessiva. Não me refiro aqui a algo gótico ou sombrio, como o estilo artístico da Balenciaga. Prefiro algo mais equilibrado, como os tons escolhidos pela Gucci – pastéis, bege, azul-claro, talvez um violeta ou vermelho discreto. São cores distintas, mas que mantêm certa neutralidade. Sem recursos para investir em Gucci, busco minhas próprias alternativas. A paleta de cores do filme do Wes Anderson, por exemplo, a direção artística, o modo que ele veste seus personagens, me agrada sobremaneira, para ilustrar o que estou dizendo.

Já algumas escolhas, no entanto, parecem verdadeiras aberrações estéticas: camisas verde-musgo, cortes de paletó que denunciam o tamanho inadequado da peça, ou estilos vistos em alguns pastores e religiosos que, francamente, assassinam a moda e o bom gosto.

 

Ainda assim, acredito que o dandismo moderno – ou o estilo que procuro cultivar – precisa ir além das roupas e dos objetos para não se perder em puro consumismo. Deve tocar a beleza no geral: na cultura, na arte, na música, no cinema, e em tudo aquilo que eleva os sentidos. O que é belo, como diria Spinoza, é aquilo que amplia a potência de agir, que traz alegria, contentamento e paz, que expande os horizontes do ser humano.

 

É esse o caminho que estou buscando para mim: um dandismo que una bom gosto, elegância e uma busca constante pela contemplação da beleza em todas as suas formas de expressão.

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 07/01/2025
Alterado em 08/01/2025
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