Edgar Allan Poe, brilhante poeta, contista e literato, destacou-se como um dos inventores de alguns gêneros literários, como o terror, a fantasia e o policial. Criador do detetive Auguste Dupin, que inspirou fortemente Sherlock Holmes, Poe marcou profundamente a literatura mundial. Contudo, sua vida e morte foram trágicas. Entregue ao alcoolismo, morreu de delirium tremens devido à síndrome de abstinência. Suas últimas palavras teriam sido: “Que Deus tenha piedade da minha pobre alma.”
Friedrich Wilhelm Nietzsche, filósofo que subverteu as ideias pré-concebidas da modernidade, inaugurou uma nova maneira de pensar. Ele próprio se intitulava “uma dinamite, não um ser humano.” Sua filosofia, muitas vezes chamada de “filosofia do machado”, buscava romper com crenças e valores milenares profundamente enraizados na sociedade, frequentemente tratados como verdades absolutas ou mandamentos divinos. Nietzsche defendia a autonomia do homem e sua capacidade de criar novos valores por meio da vontade de potência, essência criativa e transformadora da humanidade.
Apesar de sua genialidade, a vida de Nietzsche foi trágica. Ainda jovem, contraiu sífilis em um bordel, e as dores decorrentes da doença o acompanharam ao longo de sua vida, levando-o a fazer uso de ópio e morfina para alívio. Nos últimos meses de lucidez, continuou a produzir textos prolíficos, embora já demonstrasse sinais de delírio, como no autobiográfico Ecce Homo, repleto de passagens que desafiam a razão, ou em cartas enviadas a amigos, nas quais assinava como “O Anticristo” ou “Dionísio.”
O colapso definitivo veio após um episódio emblemático: ao presenciar um camponês açoitar um cavalo, Nietzsche abraçou o animal em prantos. Esse evento marcou sua entrada na demência intelectual, que o acompanhou até sua morte, décadas depois.
Gilles Deleuze, filósofo francês da pós-modernidade, foi, junto com Félix Guattari, responsável por fundar uma nova abordagem na psicologia, a esquizoanálise, que se propunha como uma crítica radical à psicanálise tradicional. Misturando influências nietzschianas, espinosanas, bergsonianas e marxistas, Deleuze desenvolveu uma filosofia com foco em promover bons encontros entre o ser humano e a vida, com forte viés social. Entre seus conceitos mais marcantes estão o corpo sem órgãos, o rizoma, as máquinas desejantes, os fluxos e cortes, e a relação entre produção desejante e produção social. Intelectual incansável, era pouco visto em ambientes mundanos, preferindo a dedicação integral ao pensamento.
Acometido por uma grave doença que o impedia de continuar produzindo, Deleuze, coerente com sua filosofia de buscar encontros intensos com o mundo, lançou-se do quinto andar do prédio onde estava internado. O encontro final entre seu corpo e o chão resultou em sua morte. Uma tragédia, sim, mas talvez, aos olhos dele, um ato de plena congruência com sua maneira de pensar.