É compreensível que a pessoa que amo não queira saber de mim; eu não dou muitas expectativas de um relacionamento sério com ela. Não sei quem foi que disse que o ser humano é ele e suas circunstâncias, mas acontece que as circunstâncias pegaram pesado comigo.
Quando analiso as pessoas que costumo admirar, principalmente pela sua cultura, percebo que todos tiveram uma boa situação financeira. São pessoas viajadas, que estudaram em bons colégios, boas universidades e cursinhos. Eu, que não tive nada disso, me pergunto: como posso superar esse obstáculo na minha vida? A verdade é que algumas pessoas ganham na loteria hereditária. Seus destinos estão praticamente definidos pelo lugar onde nascem. Qual é a opção dos indivíduos nessas circunstâncias? E esse discurso não é choramingo meu.
É completamente compreensível que quem é favorecido economicamente seja justamente aquele que é favorável à conservação da sociedade e do governo. E que as pessoas que têm que superar um desnível socioeconômico prefiram governos mais progressistas, com vieses mais sociais. Quem não entende isso não entendeu nada. Mas isso não quer dizer que, se você é favorecido, não possa ter um olhar voltado para os mais necessitados, e também que, se você é desfavorecido economicamente, não possa reconhecer que conservar as instituições é necessário.
Se eu fosse escolher outra profissão, gostaria de trabalhar com jornalismo cultural. Igual ao André Barcinski, que eu admiro deveras. Eu seria um bom jornalista cultural, eu acho, mas a demanda para isso ainda é baixa.
Eu não entendo por que a pessoa que amo ainda pensa em mim; deve ser isso que chamam de amor. Quando ele tiver que me esquecer, será o dia mais triste da minha vida.
Para quem não sabe, a pessoa que amo e eu somos de classes sociais diferentes. Ela mora numa ampla casa, enquanto eu durmo no quartinho do Raskolnikov. Ela estudou em bons colégios e, muito provavelmente, tem empregada. Eu tenho a minha mãe. E isso não é me diminuir, porque minha mãe é tudo na minha vida. Literalmente.